Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Paixão infantil



Sabemos que estamos ficando velhos quando nossos filhos começam a agir feito gente grande. Não importa a situação, contexto ou motivo, mas eles começam a ter um comportamento reflexivo e adulto, apesar de só terem 5 anos.

Foi no domingo quando uma amiga da sua ex-escola o chamou para brincar em casa, porque estava com muitas saudades. A amiga não era qualquer amiga, mas sua amiga especial, aquela por quem meu filho sempre dedicou afeição e carinho exclusivos por 2 anos e meio.

Ela não estava se sentindo muito bem e não poderia sair para brincar, então fomos a sua casa para brincadeiras “mais calmas” que se transformaram em corre-corre entre a sala e os quartos. Num dado momento, a mãe de nossa anfitriã saiu d quarto dizendo que a filha havia revelado o segredo que o Miguel havia lhe dito: ele estava apaixonado por outra (!), mas ela estava bem porque agora estava livre dele (?).

Depois de alguns risos de nós pais, o assunto foi deixado de lado. Não entendi bem o porquê de ele ter contado isso para sua desde sempre preferida. Será que ele não sabia que isso poderia magoá-la?  

No dia seguinte, após a escola, ficamos conversando sobre trivialidades e ele me disse que tinha um segredo para me contar, mas estava com vergonha. Tentei me acalmar e não rir, já desconfiada de que viria algum tipo de traquinagem ou anedota. Confiança conquistada ele começou a contar...

Havia levado uma flor para sua nova paixão da escola a A. Perguntei onde ele tinha conseguido a flor, e ele disse que havia pegado no jardim do prédio. Perguntei, então, qual havia sido a reação dela, e aí ele começou a fazer um milhão de caretas de pura vergonha, as logo falou que entregou a flor e disse a ela “Eu te amo”.

Enquanto me esforçava para expressar minha melhor cara de paisagem, meu coração dava pulos por estar compartilhando com ele mais este momento íntimo, puro e inocente de descoberta. E perguntei: “O que ela disse?” E ele responde: “Ela disse eu te amo também”.  E eles se abraçaram. E nós nos abraçamos.

Passado o episódio (que por sinal era um segredo que me foi pedido para não revelar ao pai), fiquei matutando e então entendi o porquê dele ter contado a V. sobre estar apaixonado por outra. Ele precisava jogar limpo, “liberá-la”, só assim ele pôde de fato se declarar para A.

Mas quando perguntei a ele sobre a V., como ela ia ficar, ele riu com o mesmo ar de vergonha e disse que ainda gosta muito dela. Então, quem sabe?