Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Areia na sunga

Quem nunca foi a praia e rolou nas ondas estouradas na beirinha e saiu emaranhado de areia?

Ou tomou um "caixote"e saiu arrastando os transeuntes da beira mar, enquanto arrastava a testa num bolo de areia e cascalho?

Me lembro de na minha infância correu para o alto da areia, na parte mais quente onde ficavam as barcas de bebidas e redes de esportes para me enrolar na areia escaldantes, para depois descer correndo por entre cadeiras e esteiras e mergulhar na água fria.

Esta brincadeira eu repetia incessantemente da hora em que chegava, até o sol a pino do momento de ir embora. E quando chegava em casa, ao tirar o biquíni, o chuveiro era tomado por dunas e mais dunas que caiam de entre as minhas pernas. Sempre me perguntava de onde vinha tanta areia.

Não importava o incomodo momentâneo, depois do banho eu já sonhava com a próxima ida à praia. 

Tentei passar para o meu filho o mesmo gosto pela água salgada, mate com limão e sol. E ele até que curte. A sua maneira, com algumas gerações diferença, e um mar um pouco mais poluído que na minha época, mas ele curte. 

Recentemente, porém, tem preferido piscina à praia. Motivo? Areia na sunga. 


Não me recordo de ter deixado de ir à praia por conta da areia incomodar tanto, mas para o Miguel, isto tem sido um problema bastante grande, a ponto de o impedir de ir num passeio ao mar.

Mas no último final de semana, após insistir um pouco, ele topou e fomos à praia. Que azar, o mar estava forte. Bandeira vermelha. Sobrou mesmo ficar ali pela beirinha correndo das ondas que insistiam em quebrar bem em cima dos banhistas. Com o calor senegalês do verão carioca, era impossível não arriscar um ou meia duzia de mergulhos.

Miguel se embolava na espuma das ondas que chegavam à beira e  se deixava afundar. Depois de uns não sei quantos mergulhos, sentou-se para um lanche e disse:

- Mamãe, acho que a praia resolveu me dar uma colher de chá. Como eu não vinha tinha um tempão, hoje ela não encheu minha sunga de areia!

Oh, se deu...


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Mundo Perfeito

Acordo de manha aninhada ao meu pimpolho que havia me pedido para dormir na minha cama na noite anterior. Depois de abrir os olhos sonolentos, ainda com a lembrança do último sonho da madrugada, e trocarmos beijos e abraços, começamos a conversar.

Estas conversar matinais são sempre muito tranquilas e sempre cheias de uma imaginação repleta de paisagens oníricas.

Foi neste cenário em que eu e meu Miguel ficamos a papear na cama nesta manhã. Entre uma risada e outra, um afago e um cochicho, ele disse:

- Mamãe, eu queria que o mundo fosse perfeito. Perfeito de verdade!

- Perfeito como?

- Perfeito, ora. Sabe, quando a gente cai e não se machuca. Porque às vezes a gente está andando na rua e tropeça e não consegue se segurar e cai. Seria perfeito se a gente caísse e não se machucasse nunca.

- Isso seria perfeito?!!!

- Sim. Seria perfeito, porque aí ninguém iria se machucar nunca mais.