Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Natal

Para mim, o Natal é a segunda festa mais importante do ano, a primeira é o aniversário do Miguel.

Eu me emociono, vejo filmes, e choro todo o tempo. E de alguma forma tenho passado para ele toda esta minha alegria com esta festa que é mágica!

Claro que eu sei que tudo é uma construção cultural, mas não tira a beleza que a data me traz. É mágico porque me permite ser criança novamente e sentir um sentimento de esperança e renovação como nas antigas tradições celtas.

Para mim, Natal não tem nada a ver com a igreja, presépio e Jesus. Tem a ver com amor, e aquela sensação invisível que nos aproxima das pessoas e nos faz querer abraçar a todos. É isso, o Natal é como se fosse um abraço invisível que nos une todos. E criamos histórias e lendas para manter este sentimento vivo, como Papai Noel, Elfos e anjos ganhado asas...

E esta magia não precisa desaparecer porque somos adultos. Quem inventou que crescer significa endurecer? Por que não podemos todos despertar nossa criança interior e deixarmos nos levar por um pouca desta inocência?

Isso é o que eu deixo de legado para meu filho no dia de natal... não se deixe endurecer pela vida, desperte sua inocência, sua criança e recorra a ela sempre que precisar, ela te indicará o caminho a seguir.

  Acompanhando o trenó do Papai Noel.




quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Despertar da Força - 3ª geração

Desde que soubemos que seria feito um novo filme do Star Wars que o Miguel me pergunta se puderíamos ir ao cinema assistir juntos. Como isso faz parte da passagem do meu mundo geek para ele, era uma oferta que eu não poderia recusar.


Primeiro havia a notícia de que o filme sairia em setembro, e cheguei a agendar as minhas férias para este período e prometido ao Mi que ele poderia faltar aula para ver o filme. Depois trocaram a data para dezembro, e nossos planos mudaram um pouquinho - eu teria que sair mais cedo para irmos.

Dois meses antes já havíamos comprado ingresso. Minha mãe, por auxílio da "força", conseguiu um lugar exatamente do nosso lado uma semana antes.

Nos encontramos no cinema, Miguel fantasiado, minha com uma camiseta estilizada com tema do filme e eu.... bem, eu vestida de Princesa Léa. 

E foi assim que três gerações entraram na sala de cinema para assistir a sequencia do filme que tem a minha idade.


Foi emocionante lembrar da primeira vez em que eu vi Darth Vader e me escondi em baixo da coberta. 

Reviver na memória a festa de quatro anos do Miguem cujo tema foi Star Wars e todas as crianças, ainda pequenas, temeram ao ver a luta de Léa e Vader (tia Felicia e um personagem contratado). 

Lembrei de quando fomos a Disney e vimos o treinamento Jedi ao vivo, e Miguel teve vergonha de se candidatar. 

Adorei ver minha mãe se emocionar com a gente e relembrar de quando ela viu o Harrison "Han Solo" Ford anos atrás.


Que meu pequeno se lembre deste dia e repita o mesmo com os filhos dele um dia, sem nunca perder a alegria e despojamento. 
Aí seremos quatro gerações de cinéfilos...




quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Desconstruindo Miguel

Quando trouxemos Miguel da maternidade e os avós deram no pé assim que o pirralho começou a chorar e mijar, percebemos a enrascada em que havíamos nos metido. Noites em claro, choro sem motivo (será?), peito o tempo todo, Renata com olhos perdidos no infinito, instintos materno e paterno o escambau. Amor incondicional? Pois sim... Ausência de diálogo, sem esse papo de que o olhar diz muito, diz tudo. A palavra e a fala é que nos faz humanos, elas nos permitam compartilhar sentimentos, a forma como experimentamos o mundo, como o interpretamos. Quem não se comunica se trumbica. Miguel não era humano? Não chegaria a tanto, só sei que, numa madrugada, Renata pediu arrego e ligou pra mãe implorando socorro porque não conseguia fazer Miguel parar de chorar e um vulto no andar de cima ficava espiando para tentar descobrir de onde vinha o barulho desesperante. Primeira e única vez, marcante pra sempre.

Aos poucos, Miguel foi se humanizando. É incrível quando, caminhando na rua, você ouve seu filho ler, pela primeira vez, o letreiro de uma loja ou lê a página de um livro infantil pego na biblioteca da escola. No início, balbuciava alguns sons parecidos com palavras, depois palavras curtas inteiras e, de uma hora para outra, desembestou a falar, falar, falar e, hoje, não me deixa assistir em paz o noticiário da televisão porque o silêncio é um crime. A alfabetização lhe permite andar com os próprios pés, ler o mundo de seu jeito em diálogo com quem o circunda. Seu vocabulário faria corar de vergonha muito marmanjo com curso superior (“papai, eu estava me referindo a...”). É quando começa a fase dos “porquês” e não adianta responder “porque sim” porque “porque sim” não é resposta. E tome discussão e conflito e argumentação e contra-argumentação e cara amarrada porque, no final das contas, quem manda são os pais e se os pais dizem que não pode, não pode. Simples assim. Saudades do choro, que o peito alheio amainava...

Sentados à frente da televisão, assistimos desalentados os desdobramentos do massacre ocorrido numa casa de espetáculos de Paris. O repórter fala de terroristas e Miguel pergunta o que são terroristas. Explicamos que são pessoas ruins que causam terror, medo, dor naqueles que pensam diferente deles, geralmente matando. Ele pergunta se teve gente que conseguiu fugir antes de ser morta ou se conseguir se esconder dos alucinados.  Explicar o significado de uma palavra não parece tão complicado, pior é ter de ajudar a entender imagens que vê.

Certa vez, Miguel pergunta por que todos os bandidos são pretos (ou teria dito “negros”?). Perguntamos de onde ele tirou essa ideia, e ele responde que é o que vê na televisão. Temos que explicar que nem todo bandido é preto (ou seria “negro”?), que tem muito bandido de pele clara que não aparece no noticiário ou que, mesmo aparecendo no noticiário, não é apresentado como bandido.Sua percepção de que o crime ou o abandono tem a cor negra se repete quando, através da janela do táxi, vê um menino de rua cheirando cola. Renata me contou que, em outra oportunidade, Miguel disse que não gostaria de ter nascido preto porque os pretos são invisíveis. Socialmente invisíveis, acrescentaria eu, sem tirar sua sagacidade e perspicácia. Ele percebeu que, apesar de existirem fisicamente, indivíduos de pele escura, sobretudo aqueles que vagam pelas ruas do Rio de Janeiro, não existem para quem passa por eles, não são reconhecidos como parte da mesma sociedade, como um “outro significativo”.

Nosso dever é desconstruir estas percepções, ajuda-lo a reinterpreta-las, combater estereótipos, preconceitos, fundamentalismos de qualquer tipo. Dá trabalho, mas, se não fizermos nada, quem o fará? 

OBS: Este post é do papai para o Miguel.

domingo, 9 de agosto de 2015

Para o pai do meu filho

Para você que:

  • Acorda à noite e coloca o filho na cama; 
  • Come comida fria para dar o almoço dele primeiro; 
  • Vai ao cinema ver um filme que jamais veria para ver o sorriso na cara do pimpolho e promete repetir a sessão; 
  • Que ensina a brincar de escorrega/ bicicleta / skate/ pique esconde/ etc; 
  • É sempre o vilão nas brincadeiras de super heróis; sente saudades de quando o filho era bebe e se emociona; leva/busca o filho na escola; 
  • Fica rindo quando o filho te imita e resolve te dar bronca; 
  • Perde sua sobremesa porque o pequeno resolveu comer a dele e a sua; 
  • Vai levar/buscar nas festas mesmo preferindo estar em casa fazendo outra coisa; 
  • Viajou pra Disney mais de uma vez mesmo preferindo conhecer outros lugares porque a criança quer ver os personagens/princesas; 
  • Se estressa porque o filho não come direito; 
  • Que pensa que todo espirro será seguido de febre;
  • Morre de amores quando o filho gosta das mesmas coisas que você; 
  • Aceita que o filho torça para o time de futebol da mãe; 
  • Faz dever de casa com eles; 
  • Compra uma surpresa no mercado para eles quando volta do mercado; 
  • Fica de pé segurando eles dormindo durante uma festa ou evento enquanto sonha com a cerveja na bandeja do garçom; 
  • Se sente culpado porque queria fazer mais ou diferente; 
  • Você que é amigo dos amigos do seu filho para poder estar sempre próximo.

Enfim pra você mesmo que está lendo isso e todos os outros que se sentem da mesma forma... 
Feliz dia de hoje!!!!

sábado, 25 de julho de 2015

O que é ser nerd?


Vovuha e Mi foram assistir ao filme Pixels, aquele sobre os videogames serem bandidos e o PacMan destruindo tudo. 

Na saída do cinema rememoramos vários lances do filme, Vovucha conta para ele como eram os jogos do Fliperama e do Atari no meu tempo de criança e fala que a tia, minha irmã, é nerd. Ofensa grave. 

- Não é não Vovucha. 

Começa então a onde de explicações. São vários motivos para a tia V. ser uma nerd, e ainda há mais, não é só ela, muita gente que ele conhece é nerd. Tio J. também, num grau menor. 

- E minha mãe? 

- Só um pouquinho. - responde a Vovucha.

Percebendo que ele considera ser nerd uma coisa ruim, ela começa com sua própria definição: os nerds são inteligentes, gostam de jogos eletrônicos e adoram super heróis. Ele se espanta. Então, lembra da coleção de quadrinhos da tia V., que ela deixou para ele. 

Fala de outra definição, dos caras que ficam o tempo todo no computador e só pensam em estudar. O taxista ri e concorda com essa ultima definição. Mi pergunta se o pai é nerd

-Ele é muito estudioso mas não é um nerd. 

No fim ele desabafa:

- Minha mãe não me deixa jogar. 

Depois de Pixels Miguel tem motivos de sobra para querer vivenciar a nerdice hereditária da tia, afinal os nerds são os heróis. Vai dar trabalho!


OBS: Texto baseado em relato da Vovucha.

domingo, 19 de julho de 2015

60 segundos

Sempre uma luta para fazê-los parar o que estão fazendo para entrar no banho. E depois uma batalha para tirá-los de lá. 

-Miguel, você tem um minuto para sair do banho. - grita o pai.


Alguns segundos de silêncio, seguidos de uma voz infantil abafada pela água do chuveiro:


- Um, dois, três, quatro, cinco, seis... 

O pai e a mãe se olham com ar incrédulo, A contagem prossegue num ritmo nada ritmado.

 - Vinte um, vinte e dois, vinte e três...

-Ele está contando os minutos?!

Risada dos pais na sala. Até a "bronca" para sair do banho é tratada como uma brincadeira. Esse moleque é fogo!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Hora da Aventura

Está cada vez mais difícil acompanhar o que as crianças curtem, especialmente se trabalhamos o dia todo e o tempo que sobre para curtir os filhos é mesmo os finais de semana.

Volta e meia sento com o meu Miguel na frente da TV para vermos um filme ou um programa qualquer. Tenho medo de olhar para trás e perceber que esta fase passou. Ela é único, sinto que cada vez mais que ele se torna independente, menos necessita da nossa companhia. Nada que já não soubesse na teoria, mas viver na prática é outra história.

A gente senta para jogar jogos de tabuleiro, ler livro ou revistinha, fazemos o dever de casa juntos, e ainda há aquela hora do banho em que ele fica conversando sobre o dia. 

Estes momentos são realmente especiais. É quando entramos no mundo dos filhos e descobrimos uma lógica, uma percepção do mundo típica das crianças. Com suas próprias coerências e relações que, para mim, não têm nada de fantasioso. Ao contrário, eles vivem um mundo imaculado da incredulidade dos adultos. 

E foi assim que conheci o desenho mais bizarro que vi nos últimos tempos. Parece que depois de uma guerra apocalítica ou nuclear, sei lá, criou-se um mundo alternativo no melhor estilo "Lucy in the sky with diamonds".Mas não basta sentar do lado e ver o desenho, tem que acompanhar as explicações que ele faz questão de dar para nos contextualizar no seu universo.


Momento de explicação: 

- A Princesa Jujuba é feita de chiclete mas o nome dela é Jujuba, igual a mim, meu nome é Miguel e eu sou feito de humano.


-Mas o que é ser feito de humano? - pergunto.


-Ah, sei lá, né. Sou eu.


Aguardarei a sequência de seu raciocínio lógico no próximo episódio.


sábado, 11 de julho de 2015

Clue

Finalmente aderimos à TV paga após 10 anos de resistência. Nada político, simplesmente desnecessário, para quem passa o dia todo na rua. Mas fomos vencidos pela pressão do herdeiro e estamos em fase de testes.

Aproveitei para rever filmes e séries de que gosto muito. Foi quando redescobri o filme Clue (Os 7 Suspeitos) , baseado no jogo de tabuleiro Detetive. Comentei em casa e descobri que meu marido nuca tinha visto. Como havia dublagem em português, sentamos todos para ver.

No início Miguel ficou um pouco tenso, e amedrontado até perceber que se tratava de uma comédia, que tudo era mentira. Ele curtiu o filme e ficou falando dos personagens durante alguns dias.

Por coincidência, naquela mesma semana vimos um episódio do desenho Family Guy também baseado na história do jogo. E novamente ele viu e reconheceu o contexto, apesar dos  personagens serem outros.

Semanas antes de vermos o filme e o desenho, eu havia comprado o jogo para ele para guardar e e dar de dia das crianças. Depois de ter demonstrado interesse sobre a história, em especial porque teria associação a um jogo, resolvi antecipar o presente.

Resultado? Estou com uma criança de 6 anos viciada em jogar detetive.

Mas quem é o culpado?

Foi a mamãe, com o filme, na sala de estar.

domingo, 14 de junho de 2015

Em Búzios se fala qual língua?

Fomos a Búzios para o casamento de um amigo. 

Durante a viagem Miguel aprontou todas das suas , questionou, brincou, dançou... Assim que chegamos na cidade, ele vira pra mim e pergunta: Em Búzios se fala qual língua?

A ideia de que quando viajamos, atravessamos fronteiras culturais, linguísticas e gastronômicas já está na cabeça do meu filhote. E ele nem é tão "viajado"como outras crianças que conhecemos.

A pergunta cabe neste contexto, afinal, em Búzios fala-se castelhano, como meu amigo respondeu. Comemos comida argentina. Ouvimos outros sotaques.  De certa maneira nos deslocamos para um universo que não visitamos com frequência. 

Não somos muito de viajar nos finais de semana, sempre temos muitos compromissos aqui no Rio mesmo, e a falta do carro torna esta assiduidade ainda menor. Mas e impressiona sempre este olhar de inquietação com que meu pequeno percebe o mundo e o registra. Muito legal compreender as diferenças e tomar posse das novidades, como ele faz.

A geração do meu filho é única e especial, um encontro do melhor de cada uma das gerações passadas, sua capacidade de transformar e sua forma de vivenciar e experimentar o mundo é muito bela.

Espero o melhor destes pequetitos, que o mundo seja um  lugar para se amar.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Ficando velho

Não canso de olhar antigas fotos do Miguel bebe e relembrar os diferentes tipos de emoções que senti a cada fase, a cada momento que chegamos. Quando ele nasceu achei que tinha um nariz grande demais mais para aquele rosto pequeno e cabelo demais para um recém nascido, em nada se parecia com o chamado "bebe Johnson".

Depois dos primeiros meses de reconhecimento mutuo, começamos a nos apaixonar, passei a amar suas pernas magrelas e mãos gordinhas. E este é um amor que não cessa apenas cresce, se transforma e multiplica de uma forma inexplicável.

Agora mu companheiro de vida está mais velho, completou seus tão esperados 6 anos. Não entendo o que ele tem que deseja sempre ser  mais velho, desde bebe era assim com suas rebeldias e atitudes deslocadas na idade.

Chegou o dia de seu aniversário. Já havíamos comemorado com seus amigos no final de semana anterior, e com o pai no dia anterior porque era feriado Pela primeira vez cairia novamente na sexta-feira, mesmo dia em que nasceu, pedi até folga no trabalho, então este dia era somente nosso.


Panejei um dia especial com atividades que ele não e fomos ao Pão de Açúcar e almoçar hambúrguer numa lanchonete vintage que ele gosta. Na verdade não importava o programa, mas que estávamos juntos. Ele não parou de me abraçar e beijar  o dia todo, e eu, comigo mesma, lembrando dos nosso melhores momentos dos últimos 6 anos.

Eu sempre quis ser mãe, mas não de um bebe, eu queria um "amiguinho", uma criança que pudesse interagir e curtir comigo, e eu ganhei o Miguel, por quem agradeço todos os dias. Espero que a conexão que temos perdure por muitos anos...

domingo, 26 de abril de 2015

Viagem para São Paulo

Todas as crianças sonham ir à Disney e conhecer de perto aquele mundo de fantasia e sonho que assistem nos filmes.

Mas para aqueles que já abraçaram o Pateta (eu não gosto do Mickey e não tive paciência de perder tempo em uma fila mega para tirar foto com este ratinho sem graça) as viagens familiares tem que ter outros atrativos.

Foi assim que organizamos uma maravilhosa viagem com o melhor amigo do Mi. Nada muito longo ou distante, foi bem ali em São Paulo que passamos um final de semana exaustivo, porém por demais divertido.

Saímos num sábado de manhã dois pais, duas mães e dois melhores amigos. Fomos em voos separados, e nos encontramos no aeroporto em SP. Sem nem mesmo fazer check-in no hotel, corremos as mãos em nosso roteiro e, depois de um sanduíche de mortadela no Mercado Municipal, seguimos para a primeira parada da nossa aventura, a razão principal de Miguel querer visitar a terra da garoa: Corrida de Baratas!

Sim, fomos a uma Corrida de Baratas no Museu de Biologia. Me surpreendeu muito, tanto o conteúdo da exposição, a paciência e dedicação dos funcionários com as crianças e, claro, as baratas e outros insetos. Muito legal mesmo!

É incrível a quantidade de programas super legais para se fazer com crianças naquela cidade gigantesca. Tivemos dois dias sem parar e em vários lugares legais e os dois meninos, super companheiros, não reclamaram  ou brigaram nenhuma vez.

Fomos ao Mercado Municipal, Museu de Biologia, Jamie's, Museu da Língua Portuguesa, Museu do Futebol, Feira da Liberdade e ainda peguemos uma exposição do Avengers (Os Vingadores) no domingo de manhã. 

A próxima viagem vai ser com um grupo maior de amigos, num final de semana no hotel fazendo. Vai ser punk...  

sábado, 21 de março de 2015

Amigos

Amigos... Amigos são a família que escolhemos, aquelas pessoas de quem gostamos por terem afinidade conosco, por nos completarem ou nos desafiarem e trazerem um certo conforto para nossas vidas.

Mesmo quando não os vemos sempre, amigos ao se reencontrarem destroem a barreira do tempo e da distância e conseguem (re) estabelecer uma conexão cósmica única que apaga o período de ausência como se sempre estivessem estado junto um ao lado do outro.

Amigos brigam por coisas ridículas, como se fosse a terceira guerra mundial, e fazem as pazes como se nada tivesse acontecido. Choram juntos a dor do outro, e riem a alegria do outro.

Existem amigos de vários tipos, reais ou imaginários, confidentes e fofoqueiros, da infância, da escola, do trabalho, íntimos ou superficiais, de chope, de futebol, da praça, pra vida toda...


Imaginamos sempre que amigos fazemos quando crianças porque na idade adulta criamos a couraça da desconfiança e nossos corações se fazem duros para receber um outro diferente de nós. Ouvi um amigo nosso uma vez falar, citando uma personagem de TV, que não havia mais vagas em sua vida para novos amigos. Engraçada a citação, triste se verdadeira.

Meu filho já tem um amigo que imagino ser aquele “de verdade”, “melhor amigo”.  Não sei bem como tudo aconteceu porque se conheceram na escola. Miguel já era antigo e descolado na escola quando outro chegou, com um temperamento oposto ao do meu filho, o novo colega de turma tornou-se seu amigo. Começou como companheiro de brincadeira nas festas, depois passeio fora da escola, até que Miguel foi dormir na casa dele consolidando a relação de confiança.

Passaram momentos de estranhamento quando Miguel trocou de escola e se distanciou um pouco daquela convivência diária, mas o sentimento não se apagou. E no último final de semana quando um dormiu na casa do outro, antes de fecharem os olhos de sono, se despediram com “eu te amo”, puro e inocente próprio dos amigos.


E nós, os pais, também estabelecemos uma relação de amizade a partir destes pequenos, abrindo vaga para novos amigos, reinventando a nós mesmos a partir do Miguel.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Em primeiro lugar

Sei que escrevi há pouco sobre como me sentia em segundo lugar quando cedia a vez ao meu filho. Mas na verdade foi uma mágoa que todos sentimos quando abrimos mão de algo que muito desejamos por outra coisa, ou alguém, que também queremos (se fosse por algo que não déssemos valor, não faríamos, com certeza). 

Enfim, meu período de mágoa me serviu para ver e ouvir meu filho mais de perto, para trocar ideia com amigos queridos que enfrentam semelhante angustias todos os dias, para subir na cadeira e ver sobre outro prisma todo este cenário

E durante esta reflexão, percebi que estava colocando uma outra parte de mim em primeiro lugar, aquela parte que há anos atrás resolveu enfrentar seus monstros e assumir este papel que a maternidade traz. 

Como poderia estar em segundo lugar se o primeiro lugar era meu mesmo? Um outro eu, entregue à maturidade e generosidade. Eu passei o final de semana brigando com as duas faces de mim mesma, meu lado adulto e responsável contra meu lado jovem e despreocupado. E no meio desta contenda interna, meu filho sofrendo as barbáries que uma mente insana poderia cometer. 

Obviamente que há uma diferença na forma de criar filhos de ontem e hoje: ontem quando a vontade dos pais prevalecia sobre a dos filhos e estes eram OBRIGADOS a seguir seus pais para todos os cantos, e hoje somos nós pais a seguir as necessidades dos nossos filhos nos OBRIGANDO a inverter papéis de modo a garantir a felicidades deles em primeiro lugar (pelo menos faço parte deste grupo,e não de um outro que larga as crianças para "curtir"). 

Foi quando parei para ouvi-lo e descobrir o que podemos compartilhar juntos.  Ele tem tanta coisa dentro dele que ainda não sabe como expressar e não sabe como colocar de forma eloquente que se atropela e nos leva junto num turbilhão de emoções extenuantes. É preciso dar este passo atrás e olhar de fora para sentir e se restabelecer. 

Conversamos tanto ontem sobre como ele gostaria de criar um robô que pudesse fazer várias coisas para ele (pegar suco, fazer biscoito, ligar a TV, carregar no colo, etc.) para que eu e o pai pudéssemos descansar. Mas o robô também teria armas para defende-lo dos  ladrões. Depois ele fez um retrato meu. Fizemos desenhos e lemos histórias, e adormecemos nos braços um do outros, em harmonia, amor e confiança.

Sim, acordei me sentindo em primeiro lugar.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Em segundo lugar

Eu nunca vou entender esses sentimentos antagônicos que você me faz sentir, meu filho. Quanto amor e frustração, emoções que caminham juntas nesta experiência chamada maternidade. Enquanto escrevo meus olhos lacrimejantes e garganta cerrada  me impulsionam na escolha das palavras certas.

Eu mudei minha vida por você, e me transformei para que você pudesse ter um lugar neste mundo e fosse bem recebido, me choquei quando você saiu de mim e ao berros me mostrou que a partir daquele momento eu estaria sempre em segundo lugar (para mim mesma). E contra este segundo lugar eu luto bravamente todos os dias.

Por que eu não posso dormir um pouco mais nos finais de semana, ou ver um filme na TV quando tenho vontade? Abri mão do meu corpo por 9 meses para te dar vida, e da minha vida toda para cuidar de você e te ver crescer. Abro mão inclusive do tempo que poderíamos ter juntos para trabalhar mais e te prover de luxos que eu não tive. 

Por que você não pode me conceder o direito, o desejo de festejarmos juntos? Por que tem que ser sempre do seu jeito?

Filhos são egoístas até que se tornam pais.

E mesmo que cada uma destas coisas sejam feitas com imenso amor, tem dias, como hoje, quando a reciprocidade ainda não estabeleceu entre nós, que dói muito. E este amor dá lugar a uma frustração, uma decepção, e repenso minhas escolhas. E choro porque lembro de, no lugar de filha, ter agido de forma semelhante com minha mãe, e penso na dor que infligi a ela e que nunca soube.

Hoje estou muito triste, porque amo meu filho e escolheria ele para sempre, mas  queria estar em outra lugar. Estou me sentindo um animal enjaulado, acostumado a seu cativeiro, despossuído de direitos, sem ter aonde ir.

Quando poderei deixar de estar em segundo lugar sem que isso o prejudique ou a mim? Deveríamos estar vivendo em uníssono mas estamos em times diferentes. Não posso dar aquilo que não tenho. 

Quero retomar o meu primeiro lugar, sem deixar de doar e amar, Como conciliar estes sentimentos? Você tem a resposta, meu filho? Quem sabe um dia. Por hoje, deixo a dor inundar meu corpo e escorrer por meus olhos até que possamos estar juntos novamente em alegria.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Que bom ter avós

Férias é uma época que deixa os pais enlouquecidos sem saber o que fazer com as crianças, lembro vagamente das minhas, acho que eu curtia mesmo era ficar em casa na frente  da TV, habito que mantenho até hoje nos finais da semana , por isso não me preocupo tanto se o Miguel quer ficar um pouco em casa na dele, tento respeitar isso.

Mas quando chegou a temporada de férias a primeira coisa que ele perguntou foi quando iria para casa de uma e de outra avó. Que sorte que tem de ter as avós e de curtir ficar com elas.  

Ficou uma semana com minha mãe e curtiu abeça, desta vez foi uma experiência diferente, que o levou ao meu passado e minha infância. Ela o levou para uns dias no mesmo condomínio em que íamos quando eu era criança. Imagino como esta experiência não foi, digamos, interessante, para ambos. Reviver certas aventuras e emoções de um passado que já ficou há muito para trás. Na hora de voltar, não queria partir.

Dias depois, chegou a hora dos outros avós, estes já estão um pouco mais cansados e agora tem outra neta para dividir as aventuras. Por isso, desta vez a temporada foi espaçada e mais curta. Porém, ainda assim Miguel pediu para ficar mais tempo, ele sente falta deles também, das brincadeiras e diversões. 

Ele já sabe que com cada um as regras e alegrias acontecem de forma diferentes e nem por isso deixa de curtir a companhia deles. Na hora de voltar, o avô morto ainda retardou o retorno em algumas horas a pedido do neto que queria aproveitar para ver a prima que iria ficar com os avós.

Que  bom ter avós e poder aproveitar dias repletos de diversão ao lado deles, em especial nas férias! São estas as lembranças que ele terá daqui há alguns anos para aquecer seu coração e alegrar sua memória de criança adormecida.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Carta do papai para a vovucha

Depois do Miguel passar sua tradicional semana de férias na casa da vovucha, papai resolveu agradecer o carinho recebido. Compartilhamos:


Talvez eu não tivesse a necessidade de agradecê-la, mas não se trata de necessidade. Muitos casais têm filhos achando que os pais/avós estarão a postos para qualquer eventualidade ou pedido, coisa que nem eu nem mamãe pensamos em momento algum, desde o nascimento e antes mesmo do nascimento do Miguel. Preferimos manter uma independência que foi e é muito boa para nós, para mim principalmente, porque me obrigou a exercer uma responsabilidade e uma autonomia que eu nem sabia que tinha. Por outro lado, ao solicitar menos os avós ocorre um afastamento físico que é até natural. Nunca fomos muito de visitar vovucha, vovucho, vovô  e vovó , o oposto sendo verdade igualmente. Isto não significa que não haja amor nos relacionamentos. Talvez seja por isso que a intensidade de nossa relação, minha e da mãe, com o Miguel seja tão intensa. Estamos sempre juntos, fazemos as coisas juntos, os programas são quase sempre a três. Cansa, mas é gostoso. Ou melhor, é gostoso, mas cansa. E, talvez também por conta desta intensidade (dentre outros motivos que não cabem aqui), que eu tenha tanta dificuldade de deixar Miguel ir, cortar o cordão umbilical, deixar de me preocupar com ele.

É meio ridículo porque, ao mesmo tempo em que o deixo correr para lá e para cá, pular, dar cambalhota, andar de skate, bicicleta sem rodinha, patins, nadar sem bóia, subir no trepa-trepa, dentre outros esportes radicais, caminhar na calçada sem dar a mão, tenho a fantasia que, longe de mim, ele está em perigo. Não é nada pessoal, é importante deixar claro. Então, quando vocês foram para Cabo Frio, eu fiquei apreensivo porque é um ambiente novo para ele e para mim e o pior, sempre o pior vem na minha cabeça, pode acontecer. É claro que eu imaginava que uma viagem para um lugar diferente do cotidiano faria muito bem a ele a você também e que ambos se divertiriam muitíssimo, mas o medo é algo que vem e não temos controle. Estou trabalhando nisso, e aos poucos vou melhorando. Estou dizendo estas coisas todas porque acho que esta semana aí na Maison Pinto, pelas fotos que vi, deve ter sido uma das mais divertidas de toda a vida do netucho. Ele está cada vez maior e mais esperto, um doce, um amor, mas também está um endemoniado, dá um trabalho do cão, exige atenção o tempo todo, e isso cansa bastante. É gratificante chegar ao final de um dia repleto de atividades e perceber que ele dorme o sono dos justos, sonhando com tudo de bom que aproveitou, o picolé que chupou, o suco que tomou, o pastel que comeu, o filme que assistiu. Imagino como você deve estar precisando de uma boa noite de sono, e imagino que você consiga fazer idéia de como eu e a mãe, às vezes, também precisamos de um tempo do filhote, porque ninguém é de ferro. Veja a quantidade de cabelos brancos na minha cabeça, boa parte deles aparecida depois do dia cinco de junho de dois mil e nove.

Resumindo: olhando as fotos que você tirou dele, da felicidade genuína estampada no rosto, diferente daqueles outras fotos pasteurizadas que as pessoas publicam no Facebook, como se o mundo fosse um eterno mar de rosas, percebi o quanto Miguel curtiu esses dias e, mais do que isso, o quanto ele curte a avó materna. E isso me deixa muito feliz, porque não é toda criança que tem contato com os avós e, menos ainda, contato que descambe para a bagunça, uma cumplicidade de comportamento que faz parte do jogo, é super saudável e é o sonho de todo pai. Autoridade e afeto. Não baste ser avó, tem que participar (na medida do possível e que as dores permitam...).  

Por isso, obrigado !

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Toothless

Desde de dezembro que dois dentes de leite do miguel estão bem moles. Fomos até ao dentista no final do ano para ter certeza que um que já estava nascendo atrás não teria problema de ficar tortinho. 

Miguel estava extremamente ansioso e, ao mesmo tempo, amedrontado em puxar o dente pelo novo, desconhecido. Então hoje de manhã, antes de sair para o trabalho, coloquei um pouco de gelo na gengiva e com um paninho, invoquei o espírito de minha avó que era dentista, e puxei o pequetito.

Saiu sem dor, com um filete de nada de sangue, o dentinho caiu, agora é só esperar a Fada do Dente!

Naquele instante eu comecei a chorar, mais um passo no crescimento dele que me emocionou. E eu pude estar presente, apoiando, ajudando. Ele não chorou nada,estava enlouquecido de tamanha alegria, passando a língua pelo buraco que ficou entre os demais dentes, e olhando no espelho.

Começaram então os planos com a esperada visita da Fada do Dente, que deveria chegar hoje e trazer uma lembrança, que para o Miguel deveria ser em dólar. É, também fiquei pasma. Falei para o Marcelo que a tradição é uma moedinha por dente, afinal esta Fada não mora no Banco Central Americano e sim num Castelo num mundo mágico.

À noite, após Miguel dormir, colocamos o dente embaixo do travesseiro e aguardamos a chegada da Fadinha com sua moedinha da sorte.


OBS pós postagem: No dia 06/01/05, caiu o segundo dente, também sem dor e com muita alegria. E a Fada veio com moedinhas nas duas vezes.