Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sábado, 21 de dezembro de 2013

Mamãe empolgada

Será que o Miguel entende as coisas que ele fala? 

Ele repete as palavras e frases que nós adultos falamos, com tanta propriedade que eu chego a acreditar que ele sabe do que está falando, mas ele só tem 4 anos, então, é possível que ele apenas esteja repetindo, sem saber o real significado daquilo.

Ontem eu entrei toda animada na sala, dançado alegre, e ele vira para mim e diz:

- Pára, mamãe, de ser empolgada.

Aquilo me chocou por dois segundos, acho que ele fica um pouco envergonhado porque eu sou alegre e desinibida como as amigas dele. Imagine quando ele for adolescente? Mas eu já ia saindo da sala, voltando ao meu "passinho"quando ele emendou:

- Você é muito "folgosa".


Aí eu tive que voltar e perguntar se ele sabia que palavra era aquela. Ele disse que não, baixou a cabeça e ficou rindo. Eu perguntei onde ele tinha ouvido (embora eu já soubesse a resposta), e ele apenas me confirmou minha suspeita, a música da MC Anitta.

Então é isso, antes de brigar, colocar de castigo, é melhor checar o que esses pequenos estão falando, pensando ou sentido. Ele não sabe o que é fogosa, mas usou num contexto relativamente correto e tirou de outro ainda mais interessante. Eu não tenho como controlar onde ele aprende estas coisas (normalmente é no contato entre os amigos na escola, não estou culpando ninguém), só tenho que estar atento porque hoje é algo banal e amanhã será o quê?

sábado, 7 de dezembro de 2013

Os pais dos amigos do meu filho

Quando eu engravidei, alguns amigos (trabalho) também estavam grávidos juntos e achei perfeito. Assim nossos filhos também poderiam ser amigos.

Lembro-me do mês de novembro de 2009 em que fomos à casa de um amigo, que cozinha muito bem, para beber e comer - Miguel tinha 5 meses e o filho deste querido amigo tinha 3. Nossa idéia é que eles prolongassem nossa intimidade. Mas isso parece não ter dado certo, não podemos escolher a amizade dos filhos. Com o tempo acabamos não insistindo nisso, apesar de mantermos os convites para as festas de aniversário todo o ano.

Quando se tem filhos acabamos revendo lugares por onde passeamos, comidas que comemos e pessoas com quem nos relacionamos. Vemos nossos amigos cada vez mais raramente, e fazemos novos amigos: os pais dos amigos dos nossos filhos, dos colegas da escola e dos conhecidos da pracinha, praia e clube, etc.

E foi assim que aconteceu com a gente.

Um dia numa festa de aniversário qualquer, você se aproxima de outro casal de estranhos e se apresenta, eu sou fulana mãe de beltrano. Este é seu novo rótulo “mãe de”, sem identidade, sem nome, mãe de alguém. Isso não importa porque seu interlocutor ainda vai te perguntar seu nome umas cinco vezes até relacionar seu nome/rosto e o nome/ rosto do seu filho até se lembrar de quem é você da fato.

Esta é uma rotina familiar a todos nós e também necessária para tecer uma nova teia de relações e amizades para si e seu filho. É o primeiro passo que ensinamos a eles no convívio social e para isso, muitas vezes temos que nos despir de nossa própria timidez e medos para ensiná-los este caminho.

Então, foi assim numa festa que começamos a conhecer nossos novos amigos, e dentro de um grupo tão heterogêneo, formamos outros pequenos grupos que se assemelharam a nós e se identificaram conosco em momentos diversos. Alguns abriram seus corações e suas casas, compartilharam suas histórias e copos de cerveja. E cada um conquistou seu lugar em nossa vida.



Costumo ensinar ao Miguel que o nosso coração deve ser sempre preenchido com muitos amigos queridos e não um só, pois quanto mais gente colocamos nele, maior ele fica. 

E hoje é assim que me sinto, com o coração enorme, com os velhos amigos e os novos que conheci através das mãos do meu filho, e que foram conquistados porque eu tenho o Miguel.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Filho é para o mundo

Ele nasceu de 41 semanas e só não foi parto normal porque estava atravessado. Depois que chegou, levamos um tempo para nos conhecer e nos amar de verdade, antes disso o que tínhamos era puro instinto de sobrevivência.

Aprendemos a nos amar, a nos querer e a nos respeitar, e este foi o nosso segredo. Enquanto um (Miguel) descobria o mundo - primeiro engatinhando e balbuciando, a outra (eu) redescobria o que existia a sua volta.

E com isso vinha o medo de errar, de que algo ruim acontecesse ao meu filho, a culpa de que meus medos não me permitisse dar o melhor para ele, e por aí vai.

Há algumas semanas estávamos em casa de amigos quando ele se acidentou, bateu com a cabeça na mesa e abriu a testa. Imediatamente entrei em modo automático e iniciei os procedimentos de cura. Nestas situações eu não vejo sangue ou choro, ou só vejo o resultado final e aí consigo definir o que devo fazer para resolver o problema. 

Quando o machucado já estava limpo e tínhamos decidido que não seria caso de ir o hospital, meu filho procurou com os olho e braços o aconchego do pai e não o meu. 

Então é isso, não adianta eu super protegê-lo porque não estarei presente em todas as situações de sua vida para segurar em suas mãos, ele vai se machucar. Tenho que deixar ele correr, cair e aprender a se levantar (de forma literal ou figurada), não importa, ele não me pertence para endeusá-lo ou fazê-lo viver a vida em uma bolha, livre de riscos. A vida é um risco.

Ele sabe que em qualquer situação poderá sempre contar com o colo do pai e o carinho da mãe. Mas não é isso que ele vai querer em todos momentos. Ele vai querer viver a vida dele, e ter sua própria opinião e querer se machucar para "ver qual é".  

E eu tenho muito medo de perdê-lo, porque eu só tenho ele, mas por amá-lo tenho que respeitar seu espaço, mesmo hoje quando ele só tem 4 anos e uns trocados. A maternidade é quase que um jogo de estratégia cujo objetivo é a felicidade do filho, mesmo que ela represente a nossa não-felicidade imediata.

A gente tem filho para o mundo, e quanto mais cedo entendermos e aprendermos a lidar com esta idéia, mais feliz fica nossa experiência de mãe.

domingo, 24 de novembro de 2013

Meu filho não quer ser judeu

Aqui em casa somos cada um de uma origem, uma tradição e com uma crença (ou nenhuma) diferente.  Na verdade fui criada para acreditar em tudo, para ter fé, esperança, não importa a religião.

Meu marido é de origem judaica, e quem conhece essa tradição belíssima, sabe que por trás há muitos conflitos de identidade e questionamentos sobre onde Deus estava quando ocorreu o Holocausto. Assim, meu marido é judeu ateu, curte as tradições, mas não crê numa entidade maior.

Até tudo bem quando não se tem filhos. Porém, quando eles aparecem há que se definir como criá-los em meio a tanta crença (ou descrença).  Entre nós combinamos que cada uma passaria o que acreditava e que Miguel faria sua escolha quando chegasse o tempo.
Pois bem, na semana passada, não me lembro o quê gerou a conversa, ele disse que não quer ser judeu!

- Mas por que, meu filho, o papai é?
- Eu não quero, eu não sou judeu.
E puxa daqui, puxa dali, eis que ele revela:
- Eu nasci de barriga de bruxo, então eu sou bruxo.

Ok, a culpa foi minha porque falei isso para ele há meses atrás. E está certo, existe a crença que somente é judeu quem nasce de útero judaico e eu não sou judia. Agora meu maridão me pediu para “consertar” isso. E lá vou:

- Mas Miguel, existem outras formas de ser judeu, tem quem nasce da barriga igual a sua prima, tem quem corta o pinto igual a você e tem quem escolhe e estuda e é judeu porque quer igual à tia Anita.
- Mas eu não quero, eu sou vou ser se você “é”.

Que diabos de relação edipiana é essa? Agora eu vou ter que me converter? Eu sempre incentivo e faço as festas e comidinhas gostosas, mas tem limite. De quem é o papel de convencê-lo de que ser judeu é supimpa, minha ou do pai?


Às favas, não quer ser judeu, também não vai ganhar presente de Chanukah, nem comer kneidlach ou rugelach! 

sábado, 23 de novembro de 2013

Saída pela esquerda

Hoje após uma saraivada de esporros e conversa de conciliação, Miguel vira para mim e diz que quer quando ele nascer de novo quer que eu seja sua mãe outra vez.

Fiquei com aquela cara de Maria mole.

Aí, eu viro para ele digo:

- E se de repente a mame for sua filha e você for meu pai?

- Mãe, criança não pode ter filhos.

sábado, 16 de novembro de 2013

A Magia do Natal


Fui levar o Miguel para ver o Papai Noel no shopping e levar a cartinha dele. No dia anterior estávamos em casa vendo filme de natal (Operação Presente) em que a menina escreve para o Papai Noel pedindo uma bicicleta rosa.

Durante o filme ele me questionou se Papai Noel existe e se eu acredito e tal. Na verdade eu acredito mesmo nele, claro que não acredito que um velhinho percorra o mundo inteiro em uma única noite distribuindo presente, mas acredito que ele seja o espírito da esperança e da magia que toda criança tem de mais puro em si e que nesta época do ano todos tentamos reviver de alguma forma.

Então sim, eu acredito em Papai Noel!

E gostaria de cultivar no meu filho este mesmo sentimento bom, de fé e otimismo, que emana deste personagem.

Depois de muito eu acredito e você tem o direito de acreditar se quiser... blábláblá (ele tem medo de não acreditar, até o pai disse que acredita e olha que é judeu), fomos ver o Papai Noel. Ele entregou a cartinha e o velhinho a abriu e leu na frente dele. Achei o máximo, porque só reforça o encanto.


Para manter o clima mágico, na hora de montar o presente, escolhi uma embalagem que mais ninguém da família irá receber, tive o cuidado de usar até mesmo um laço de fita de natal que minha mãe me trouxe de fora e um cartão comprado há muitos anos. O presente do Bom Velhinho tem que ser único, direto da fábrica do Pólo Norte para o meu “nice boy”.

As crianças de hoje são muito espertas e crescem muito rápido, mas gostaria que ele pudesse desfrutar ao máximo possível deste mundo encantado e mágico da infância e da inocência.


Então, vamos manter a magia do Natal... (daqui a pouco vem o Coelhinho da Páscoa e a Fada do Dente). 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sábia a mente de uma criança é

Quando eu era criança tinha pavor do Darth Vader, todas as vezes que assistia a um filme da série Guerras nas Estrelas, eu sempre me escondia quando o vilão de máscara negra e voz abafada aparecia na tela.

Darth Vader é um dos heróis do meu filho de 4 anos!

Sempre me pergunto que ele vê nesse personagem, inclusive sua festa de aniversário foi do Star Wars com direito a ator travestido de Lorde das Trevas e crianças brincando com sabres de luz. Mas neste final de semana ele ganhou de dia das crianças a trilogia (antiga) do filme.

Ele já estava careca de ver o episódio II, aquele em que Ankin casa com Padmé e começa a ir para o lado negro da força, e já tinha visto ele cair na lava quente e se transformar em Vader, e ainda se confunde com Luke e Han Solo. Mas era a primeira vez que veria o Retorno de Jedi.

Tudo ia bem na história e eu já o havia preparado para a morte do Lorde Vader, mas quando chegou a cena em que pai e filho se deparam e lutam um cm o outro, e Luke decepa a mão do Pai enquanto o malvado Imperador Lorde Sith incita o herói a seguir os passos do pai, e ataca Luke, Miguel saiu correndo da sala.  Não porque estivesse com medo do filme em si, mas porque achou que Darth Vader ia matar o filho. Ele virou para mim e disse: “mamãe, mas ele vai matar o filho?”.

Parei o filme e chamei-o de volta para a sala. Vamos lá, ele não estava com medo da cena, mas de que o pai matasse o filho! Expliquei que não, que ele estava salvando o filho porque ele tinha visto que dentro do Darth Vader ainda tinha um lado bom que era o Anakin, e que ele ia matar o malvado Imperador. Então, ele vira e diz: “Coloca de novo para eu superar”.

Superar, superar o quê? O medo de ver o filme? O pai matar filho? O mal?

Aquele vilão malvado encanta meu filho porque ele conhece uma história que eu vi pela metade, no meu tempo só existiam três filmes, meios desconexos que se juntavam de repente no último. Mas para o Miguel não, ele conhecia o Anakin, e o viu se tornar mal, porque ele queria tanto ser bom, e foi enganado, cedeu ao poder. Ele sabia, assim como o Luke, que dentro daquela máscara tinha uma cara legal.

E no final do filme Miguel ainda diz: “Eu não quero ir para o lado negro da força não, mamãe, eu quero se bom”.

Eu passei a gostar mais do Darth Vader e achar os outros heróis uns chatos.

Comentário após relato: Não sei o que pensar das crianças dos dias de hoje, eu com 4 anos era um bebe, Miguel é um mini adulto, cheio de reflexões e percepções sobre o mundo. De fato nunca havia me atentado para o dilema pai-filho que ronda o filme Retorno de Jedi, claro que abordado de uma forma bastante superficial, a primeira trilogia é bem mais densa, mas ele tão pequena percebeu que não pode haver este tipo de enfrentamento entre pai e filho, e isto o assustou mais que a guerra. O coraçãozinho dele pulava loucamente em seu peito. Mas querer enfrentar seu medo e ver o que se passava foi mais corajoso que muito de nós em nossos temores pessoais.

domingo, 13 de outubro de 2013

Esquadrão da moda ataca novamente

No final de semana, depois de termos saído para resolvermos várias coisas e ido passear um pouco, já na hora de voltar para casa, não me lembro muito bem o que iniciou a conversa mas começamos a falar da roupa que eu estava vestindo, uma jardineira jeans.

Há mais ou menos dois anos vinha procurando uma jardineira jeans para comprar, eu usava muito uma nos tempos da faculdade, que chegou a me servir nos primeiros meses da gravidez e depois virou pó. Recentemente eu consegui repor a peça e ando curtindo a lembrança de tempos mais simples.

Foi quando o Miguel reparou na minha roupa, a minha jardineira, e fez um balança de cabeça de cabeça e disse que não poderia falar para não me deixar chateada. Encuquei. Perguntei o porquê e disse que não ficaria chateada, e lá veio ele:

-"Seu macacão é feio, não tem nem florzinha, só botão".

Independente de todo o conforto que ele me proporciona e ainda poder correr e brincar, de fato não tem "florzinha", ou seja, não é lá muito feminino. Mas eu estava de sandálias e camiseta de renda, tudo para trazer um equilíbrio.

Para o Miguel já está definido o padrão de beleza e feminilidade das meninas, e o que vai contra este padrão é feio. Estou lascada agora para ensinar a ele que as coisas não são tão preto e branco, senão ele será mais um homem insensível e machista e não é isso que nós queremos.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Quando chega a hora de mudar de escola

Quando escolhemos a creche do Miguel há quase cinco anos atrás, perguntamos a amigos e conhecidos e pedimos indicações. A alegria do seu primeiro dia e a expectativa de que tudo desse certo, que ele se adaptasse, eram tantas...

Até hoje me lembro daquele 19 de outubro de 2009, o dia em que o entreguei para a berçarista e não olhei para trás (figuradamente), rompendo pela segunda vez nosso cordão umbilical, na certeza de que fazia o melhor para ele. A partir daquele dia, construímos uma história repleta de alegrias, descobertas, sustos e de muitos, mas muitos amigos mesmos.  Ele aprendeu a sentar, engatinhar, andar, falar, correr, dançar, cantar, a tomar banho sozinho, escrever seu próprio nome, a se emocionar com os amigos, a se encantar pelas meninas. E tantas outras coisas.

Mas aquele espaço estava ficando pequeno para ele, e para mim também. Quando se é mãe, a gente sonho para o filho um castelo no arco-íris, e aquela casa antiga transformada em escola já não servia mais para o meu sonho. Então era hora de mudar, e mudar dói, deixa a gente sem chão, com medo, assusta.

 Procurei um novo lugar que não serviria a mais ninguém, somente ao meu pequeno, e arriscando de pôr todo uma história a perder, o convenci de que não iria perder os velhos amigos, mas iria fazer novos, somar. E lembrei-me dos queridos amigos que já haviam saído da escola e com quem ainda mantemos contato, não sem esforço, pois relacionamentos requerem cuidado e carinho, se valem a pena.  

A questão no final é essa, o que queremos? A comodidade, o conforto e a segurança do que nos é familiar, ou a aventura e a surpresa do novo? E porque não ambos?

Que venha a nova escola, os novos amigos e as novas memórias que iremos criar, sem que percamos nunca a doce lembrança daqueles que não mais estarão em nosso dia a dia, mas para sempre estarão em nossos corações. Sempre teremos o Aterro, e as festinhas... 

domingo, 6 de outubro de 2013

O Segredo

A maternidade é uma associação secreta que somente aquelas que têm filhos fazem parte e conhecem seus códigos, e as não-mães mesmo achando que sabem do que elas falam, não fazem a menor ideia. Vou explicar.

Somente quem é mãe/pai, tem um filho e vive a experiência da maternidade compreendem as alegrias e angústias de cuidar de uma criança sua. Antes de ter meu filho eu adorava crianças, especialmente bebes. E tomava conta de filhos de amigas da minha mãe sempre que tinha oportunidade.

Mas foi quando minha prima, filha da irmã da minha, nasceu que eu curti mesmo. Acompanhei a gestação e nascimento, e depois cuidava dela ao ponto de em algumas situações acharem que eu era a mãe (sou quase 20 anos mais velha que ela). Em diversos momentos eu achava que alguns cuidados de minha tia eram excessivos e que outros eram meio desleixados. Lembro-me de certa vez que passei quase duas horas com a pequena nos braços dormindo quase na mesma posição porque estava com o nariz entupido e quando minha tia chegou a devolvi com alívio e a cabeça repleta de crítica do tipo “porque não coloca remédio?”, como eu ia saber que não se coloca remédio em criança tão pequena? Eu só queria era dar o fora dali, meu braço doíam abeca, nem pensei no que deixava para trás.

Então os anos passaram e chegou a minha vez. Quando engravidei havia uma grande oferta de cursos de gestantes, para ensinar a mamãe de 1ª viagem a cuidar do rebento (não sei se isso era tão comum antes). Mas tinha de tudo um pouco: Fadynha, Bebe Stephanie, Maternidade Perinatal, Casa de Saúde São José, Bella Gestante, SOS Mamãe & Cia, etc.

Eu tinha certeza que já sabia tudo que era necessário, mas como meu marido nunca tinha tido contato com crianças achei que destes cursos seria legal, escolhi o da própria maternidade, por praticidade. Algumas dicas eram interessantes e de um modo geral não tinha nada que eu já não soubesse, mesmo nunca tendo sido mãe. Fiquei chocada com alguns comentários das gestantes durante o curso, bastante tapadas, eram capazes de afogar a criança na banheira, mas isso não era problema meu.

Depois que meu filho nasceu aquelas dicas do curso não me serviram pra nada, tudo que eu sabia se apagou da minha mente, eu não sabia nem meu nome, minha inteligente foi drenada junto com o líquido amniótico. O que me serviram foram os telefonemas de minha mãe, minha avó paterna e minhas tias, cada uma delas de época pré cursinho, todas pertencentes da associação secreta das mães, conhecedoras do segredo, aquilo que somente quem é mãe sabe. Não há médico, curso que possa nos ensinar.O que é? Ouvir seu filho. Mas como ouvir um bebe que não fala e só chora? Esse é o segredo.

Somente quem é mãe sabe como isolar o chorar, os sons, o barulho e sentir. O resto é técnica disso e daquilo, e o que é melhor para um par mãe-bebe, pode não ser para outro. Vende-se livros e cursos às custas da inexperiência (e quiçá da culpa), mas esquecem de nos dizer que por trás de um bebe de fraldas já há um indivíduo, com vontades, com desejos. Não há regra porque um bebe dorme de dia e outro de noite, um pega peito e outro prefere mamadeira, um chupa dedo, e o outro é bebe by the book: segue todas as regras mama de 2h em 2h, dorme e não chora.


Hoje me sento à mesa da associação secreta das mães e me rio e angustio ao ver amigas mães de 1ª viagem enlouquecendo com as regras que seus pimpolhos não seguem, esquecendo-se de usar o bom senso, se vendendo para a culpa e deixando de viver a grande aventura que só está começando. Mas no final do primeiro ano encontramos o equilíbrio e de uma forma ou de outra, todas descobrimos o segredo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O pequeno bruxo

Desde que me lembro que digo ao Miguel que sou bruxa. Não daquelas malvadas, mas porque acredito que nasci com algo especial e me sinto assim. Agora que ele está naquela fase de questionar tudo, não está acreditando muito e me pediu para ligar para minha mãe para confirmar. Liguei, mas como caiu na caixa postal, ficamos sem resposta.

Alguns dias depois quando vovucha veio nos visitar, ele perguntou para ela ser era verdade que era bruxa. E aí veio a grande surpresa!

Ela o levou para o quarto para conversar e revelou que não só eu, mas ela também era uma bruxa. Que possuía um caderninho onde anotava seus desejos e feitiços. Mas já fazia algum tempo que não praticava, mas que faria um para ele.

No dia seguinte, na volta da escola, viemos conversando sobre o assunto e ele me falou desta conversa. E disse a ele que tinha mais uma coisinha desta história, se eu era bruxa e a avó, e ele nasceu numa família de bruxas, então ele também seria um bruxo. Ele se virou para mim de olhos arregalados e sorriso desconfiado nos lábios e disse: “mas eu não faço feitiços”.

Eu disse que ele fazia sim, só não sabia disso ainda. Pronto, começou a falar acelerado pela rua, dizendo que era bruxo e na escola ninguém podia saber que ele fazia feitiços, que ele fazia enquanto dormia de olhos fechados, etc.

Em casa, me pediu para mostrar como se fazia um feitiço, então eu sentei a sua frente em posição de Reiki e disse algumas palavras, e ele se desviou para o feitiço não “pegar” nele (hahahahha), e depois tentou repetir o que eu fiz.

Contou para o pai que era bruxo, e este disse que talvez não, uma vez que eu era e ele não, Miguel poderia não ser. E a isso ele respondeu que nasceu da minha barriga e se eu era bruxa ele também (mesma lógica do judaísmo, só é judeu quem nasceu de útero judaico... toma, papai!).


Em seguida conversamos mais sobre as bruxas boas e más, lembrando do filme Oz, Mágico e Poderoso (o filme novo do mágico de Oz), e tentai explicar que nunca podemos fazer com que outra pessoa faça algo contra a vontade dela que coisas ruins voltam para gente, como aconteceu no filme com a bruxa verde (lei do retorno), e ele entendeu. Depois, saiu do quarto feliz da vida. 

domingo, 29 de setembro de 2013

Esquadrão da moda infantil

Sábado saindo com Miguel para uma festinha aquela pergunta que toda mãe de menino faz ou vai fazer em algum momento, perguntei se eu estava bonita.

Ele me olhou de cima abaixo, torceu o nariz e disse que não. Mas não ficou só nisso, ainda emendou: "volta em casa e troca que eu fico aqui sozinho mesmo te esperando".

Engoli meu riso, e perguntei o que está ruim com a roupa e ele respondeu: "é muito azul".

Então, tentando corrigir meu erro de ontem, na hora de sairmos para um  almoço de aniversário, voltei e fiz a mesma pergunta. Ele novamente me olhou de cima abaixo, esticou a mão em minha direção e girou a mão fechando-a (como o Jô Soares faz com a banda), e disse: "agora sim, tá linda, tudo isso".

Será que ele vê Esquadrão da Moda na escola?

sábado, 28 de setembro de 2013

Cuidando dos amigos do seu filho

Convidamos um amigo do Miguel para vir dormir em casa esta noite. Já não é a primeira vez, eles crescem muito rápido...

Os meninos dormiram por volta de 22h, após banho, lanche, filme, jogo, e uma tremenda bagunça no quarto.  Era melhor comprar uma casa na nova... hehehe. Enfim, tudo normal para dois meninos de 4 anos.

Até já tinham decidido o programa do dia seguinte: a pracinha aqui embaixo de casa.

De madrugada, Miguel acordou perguntando onde estava o amigo. Gelei. Como assim. no quarto? Nem levantei. Minha mente estava há mil e eu pensava: "ele foi dormir na sala; ou; rolou para debaixo da cama; e por último, ele é sonâmbulo, foi até a sala abriu a porta e fugi. Ai, meu Deus, o que eu vou falar para a mãe dele?"

Fui até o quarto ela estava o Miguel dormindo novamente e o menino deitado na cama ao lado sem saber de nada. Meu filho estava tão sonado que passou pelo amigo e nem o viu na cama.

E eu surtando, achando que tinha perdido uma criança que dormia tranquilamente no quarto ao lado. Sério?!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ser mãe e o Dalai Lama

Hoje eu recebi esse texto da minha mãe, entendi e achei que é meu objetivo de vida. Todos os dias agradeço a ela por ter me ensinado do jeito que ensinou, e espero poder fazer 1/3 pelo meu Miguel.

Só eu eu sei quantas vezes deixei meu filho chorar, ou o magoei para que ele compreendesse uma determinada situação, ou ainda, só observei de longe, de fora, enquanto ele descobria o mundo a sua frente. 

Eu sempre vou estar em seu coração, mas não poderei estar impedir de o ferir ou ele de crescer. Então, que eu seja aquela a prepará-lo da melhor forma para este mundo, mesmo que às vezes signifique me afastar e ser espectadora de sua vida.

Para as mães:

"A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. 

Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso. Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas
escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros
também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no
fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar."
"Dê a quem você Ama :
- Asas para voar...
- Raízes para voltar...
- Motivos para ficar... " -

Dalai Lama 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ser carioca

Mais uma do Miguel...


Ele está falando com sotaque e ginga de carioca, aí a gente falou para ele: 

-"Aí, Miguel, está falando que nem carioca". 

E ele responde:

-"Eu não sou carioca".

- "Mas você sabe o que é ser carioca? É quem nasce no Rio, e gosta de praia, futebol, do 

pão de açúcar e  cerveja". 

-"Mas eu não gosto de cerveja, mãe".


 TOMA!!!




Comentário pós relato: Nunca demos cerveja para ele não, era apenas para ilustrar o estereótipo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Explicando sobre menstruação

Lá em casa o uso do banheiro é coletivo, quem tem criança pequena sabe que é difícil entrar em qualquer cômodo da casa sem ser seguido por seu filho e de um pergunta: “mãe, o que você está fazendo?” Comigo não podia ser diferente.

Foi assim que Miguel começou a ser dar conta da anatomia humana e das diferenças entre meninos e meninas. Há muito eu já o ensinava que meninos tinham pinto e meninas tinham pixirica, e como ainda tomamos banho juntos, ele sempre pergunta sobre mais uma ou outra coisa: pelinhos aqui e acolá, peitinho, etc.

Mas num dia específico do mês que eu recebida aquela visita inusitada, ele entrou correndo no banheiro bem na hora em que eu me limpava. Olhou para mim de olhos arregalados e perguntou:

-“Mamãe, vocês está com sanguinho na pixirica!?”

Num primeiro momento sem querer dar muitas explicações, disse que as meninas adultas têm “sanguinho na pixirica” uma vez por mês, mas que não dói. Ele perguntou se amigas dele também têm e eu disse que criança não, e blábláblá.

Passado algum tempo ele voltou com o tema, porque me viu usando “fraldinha”, e toma a sacanear a mamãe. Foi quando ele perguntou:

-“Mamãe, a sua pixirica tem sanguinho porque a sua pepeca derreteu?”

Vou esperar ele fazer 5 anos pra gente retomar o assunto. Melhor, né?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mãe coruja, uma ova!

Você sabe de onde vem a expressão mãe coruja? 

Depois que eu li esta história fiquei revoltada, 

Ser mãe coruja é uma ofensa gravíssima, É quase como me insultar de ser incapaz de ver meu filho como ele é com seus defeitos e limitações. 

Sim, vou amá-lo para sempre, mas se eu não for a primeira pessoa a frustrá-lo e mostrar a ele que o mundo não é sua bolha, Quando ele não mais estiver sob minha asa sofrerá de tal modo que não poderei acalentar.

Sou da teoria que as primeiras frustrações de uma criança devem ser passadas em família dentro de casa, com a certeza do amor de seus pais, Para que possam enfrentar a decepção e se reerguerem com segurança para aprenderem a fazer o mesmo no mundo de fora quando necessário. Pais que "passam a mão" na cabeça dos filhos e dizem sempre sim não estão ajudando suas crias a viverem o mundo, apenas postergando a frustração que um dia irá chegar.


Conta uma fábula portuguesa que a coruja encontrou a águia, e disse-lhe:

- O águia, se vires uns passarinhos muito lindos em um ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não os coma, que são os meus filhos!

A águia prometeu-lhe que não os comeria; foi voando e encontrou numa árvore um
ninho, e comeu todos filhotes. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:

- O águia, tu foste-me falsa, porque prometeste que não me comias meus filhinhos, e mataste-nos todos!

Diz a águia:

- Eu encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-os; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.

- Pois eram esses mesmos, disse a coruja.

- Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua cegueira.
A essa fábula é atribuída o surgimento da expressão "mãe coruja "pois aos olhos das mães os filhos são sempre perfeitos e lindos, o coração de uma mãe é o lugar mais seguro do mundo e se precisar até sangra por um filho.

domingo, 28 de julho de 2013

Medo da morte

Miguel tem medo de morrer.

Não sei de onde veio este assunto e como chegou a conclusão de que deveria ser algo a temer, mas ele tem medo de "virar pozinho".

Foi assim que começou a nossa conversa: ele disse que queria ter um bebe quando fosse adulto, mas não queria crescer muito porque eu estaria velha e iria morrer. Foi quando falou da história que quando a gente morre vira pó e ele não queria virar pó.

Falei para ele, na verdade relembrei esta história que eu já tinha contado, que antes dele nascer, ele era um anjo que morava no céu e que depois que ele escolheu o papai e a mamãe dele, ele tirou as asas e foi morar na minha barriga. 

Quando ele morrer só o corpo dele vai acabar, mas tudo que está dentro do coração dele, que é quem ele é, irá continuar a existir. Ele vai voltar a ser anjo, e vai escolher um novo papai e mamãe.

E isso acontece com todo mundo, então, a gente vai se encontrar lá no céu, porque eu também vou ser um anho que vai escolher um papai e uma mamãe.

Apesar de complexo, isso pareceu confortá-lo. Esse menino de 4 anos entendeu o princípio da reencarnação e o abraçou com alegria. É um dos meus.

Comentário pós relato: Depois desta conversa descobri que a história do "virar pó" ele ouviu do pai que é Ateu. Acho que ainda teremos alguns conflitos de entendimento sobre o tema daqui há algum tempo. Por ora, Miguel curtiu a história e vem repetindo e já disse que na próxima família vai querer se chamar Leonardo (?).

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ensinando religião para o filho

Miguel me perguntou quem é o Papa.

Depois de um silêncio eterno de 30 segundos, comecei a explicar de um jeito que ele pudesse entender: 

O Papa é o capitão do time dos católicos, que são as pessoas que acreditam no papai do céu. 

Segunda pergunta. Quem é papai do céu? Era um cara muito bom, que tinha amor no coração e morreu. O nome dele era Jesus.

Terceira pergunta. Esse Jesus é o tio Jesus (meu cunhado)? Resolvi desistir de explicar. 

Depois ele ainda perguntou se eu e o pai gostávamos do Papa. (As perguntas vão ficando cada vez piores, tipo pegadinha). Eu disse que o pai era do time dos Judeus. E ele perguntou o meu time. Eu disse que era do time das bruxas (acho que ele não levou a sério), ele riu. 

Por fim, me disse que seria então do time das espadas (Você entende?, nem eu) e acabou conversa.

Acho que este assunto vai voltar a qualquer momento...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Flagra!

Ontem à noite Miguel entrou no nosso quarto enquanto estávamos, digamos, namorando. Só deu tempo para rolar cada um para um lado e vestir a roupa às pressas, enquanto ele, com olhos embaçados, resmungava qualquer coisa, ao mesmo tempo em que dava meio volta em direção ao seu quarto.

Espero que ele não tenha ficado traumatizado.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Festa do pijama

Sábado Miguel teve sua primeira festa do pijama, foi dormir na casa do amigo da escola (C.) sem a companhia dos pais. Segundo a mãe do amigo ele se comportou como um rapaz.

Meu menino está crescendo rápido demais! Isso não vale :P

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Aventura com Anjo Miguel

Desde que eu meu lembro, eu sempre quis ser mãe. Toda aquela ideia linda de ter um bebe nos braços, cuidar e nutrir um, sempre me fez sorrir. Então eu tive um bebe, e de repente como no Tropa de Elite alguém gritou para mim “a casa caiu”!

Cadê os bebes de bochechas rosadas dos comerciais de fraldas, correndo e sorrindo com seus bumbuns gigantes e pezinhos miúdos? Eu vou te contar. Eles não existem!!!

O que vendem por aí são comerciais, ideias românticas e idílicas para te convencer a procriar, porque a parte do sexo é boa. Mas quando eles nascem, acabou. É como uma nuvem sobre a casa da Família Adams.

Eu passei uma gestação incrível, levava meu bebe para cima e para baixo (pode parecer obvio, mas conheci gravidas que saiam de casa e pareciam deixar a barriga lá). Aos 7 meses eu subi numa árvore para tirar umas fotos de recordação. Queria que meu filho me achasse maneira. Uma semana antes do meu filho nascer eu ainda fazia pilates e ia ao trabalho (para trabalhar e não bater papo). Meu pequeno nasceu com quase 41 semanas e de cesariana, apesar de todos os exercício naturebas que fiz para fazê-lo encaixar na minha pélvis e sair por onde entrou.

Não senti aquela emoção, aquele clique quando o vi pela primeira vez, acho que era feito da anestesia, eu estava abobalhada, e pensei logo que alguém havia se confundido que ele era feio demais para ser meu (brincadeirinha, mas ele era melequento).

Depois fomos para casa e aí caiu a ficha. Meu Deus, o que eu fiz com a minha vida! Eu não me pertencia mais, eu estava me doando para um completo estranho! Estranho sim, não era porque havia vivido dentro do meu corpo que já fazia de nós grandes conhecidos. Eu tinha roupas no meu armário com as quais eu tinha um relacionamento muito maior.
Quem era aquela pessoa parada na minha frente, que chorava e me olhava? O que ela queria de mim? O que eu tinha feito? Não havia como ou para quem devolver.
Neste momento de total terror e pânico, automaticamente, entrou em cena o que eu chamo de instinto de sobrevivência, aquele calor que nos tira da inercia e nos move para frente e para o lado nos impedindo de morrer.
Foi este instinto que me permitiu seguir adiante na minha escolha, e pegar meu pequeno rebento nos braços e dar-lhe meu peito. Foi este mesmo instinto que fez com que ele segurasse meus dedos enquanto mamava e tombasse sua cabeça em meus ombros me pedindo aconchego.

Passados alguns meses, começou a desabrochar em nossos corações um sentimento diferente e ainda mais quente, vulgarmente chamado de amor. Chamo de vulgar porque é pouco para caber em mim e revelar tudo que se transformou em nós dois.

Lembra que eu disse que havia entregue minha liberdade pra outro alguém, eu tinha entendido essa parte errado.

Eu conquistei o mundo pelas mãos deste alguém desconhecido!

De uma hora para outra, não importava mais sobreviver, aquilo não era vida eu precisava de mais, e ele também. Foi algum momento que passou despercebido por nós e quando me dei conta fazíamos parte um do outro, íamos ao cinema juntos, brincávamos juntos, líamos livros no escuro e fazíamos cabaninha e brincadeiras pique-esconde entre as cadeiras, andávamos de mãos dadas na rua e contávamos segredos ao pé do ouvido um do outro...

Eu voltei a ser criança e lembrei da minha própria infância através dos olhos de arco-íris e da risada careca do meu filho. Me vi através de sua alma, enquanto guardava o último biscoito para dar a sua avó. E me encantei, olhando entre as frestas da porta, enquanto o espiava dar um beijo escondido na foto da amiguinha da escola.

Ganhei um amigo que acaricia meu rosto e me canta musicas sempre que me sinto indisposta e me pergunta como foi meu dia, enquanto pelo outro lado do abraço furta balas da minha bolsa.

Aprendi a me desfrutar com minha própria companhia, a correr atrás de bolhas de sabão e sorrir quando elas demoram a estourar. Porque a vida é assim, cheia de bolhas de sabão e é mais feliz quem aprende a orquestra-las para vê-las no ar por mais tempo e também aqueles que sabem apreciar as marcas que deixam depois que estouram no ar.

Eu sempre quis ser mãe, desde que era pequenininha. Eu só não sabia naquele tempo que eu queria ser a mãe do meu filho, porque só ele iria me fazer uma mãe de verdade.


Comentário: Este texto também encontra-se em http://www.tresloucadas.com/2013/04/aventura-com-anjo-miguel.html

sábado, 23 de março de 2013

Sashimi de "salomão"

Miguel saiu para comer seu primeiro sashimi de salmão num restaurante japonês.

Eu, papai e vovucha fomos juntos para a grande estreia. 

Segurou os pauzinhos sozinho, mas recusou o shoyo. Comeu 3 pedaços de sashimi de salmão, gostou mais do peixe rosa ou "salomão". 

É assim que começa.  

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Curativos de amor

No dia seguinte de mais um dia de brincadeiras na pracinha que terminou em raladinhos no joelhos, seguindo de uma sessão de curativos antes do banho, escutei a seguinte frase do Miguel:

-"Você tem sempre uma ideia mais boa que band-aids".

Essa foi sua forma de agradecer pelos cuidados e band-aids de super heróis que cobriram o caminho esfolado das pernas.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Ensinando ao pai

Miguel ensinando ao Marcelo como jogar no IPAD, cheio de marra e segurança.

Depois ter explicado a seu modo, algumas vezes, ele vira e fala: 

-"Papai, tenta mais uma vez, se você não conseguir, compra um chiclete de banana".

E ainda vira para o lado e da uma risadinha debochada de canto de boca.

Hahahahaha!!!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Se é sadia não é sardinha

Sempre que ouve comerciais da marca SADIA na televisão, Miguel repete a palavra SARDINHA, não sei se entende errado ou se se faz uma associação de sons. 

Depois de explicarmos que sardinha é um tipo de peixe e não o que aparece na televisão e tal, ele agora sempre que os anúncios aparecem, repete: "é SADIA, não SARDINHA, isso é outra coisa!"

Sacanagem com a minha cara ou reforço positivo da idéia? Nunca vou saber.