Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sábia a mente de uma criança é

Quando eu era criança tinha pavor do Darth Vader, todas as vezes que assistia a um filme da série Guerras nas Estrelas, eu sempre me escondia quando o vilão de máscara negra e voz abafada aparecia na tela.

Darth Vader é um dos heróis do meu filho de 4 anos!

Sempre me pergunto que ele vê nesse personagem, inclusive sua festa de aniversário foi do Star Wars com direito a ator travestido de Lorde das Trevas e crianças brincando com sabres de luz. Mas neste final de semana ele ganhou de dia das crianças a trilogia (antiga) do filme.

Ele já estava careca de ver o episódio II, aquele em que Ankin casa com Padmé e começa a ir para o lado negro da força, e já tinha visto ele cair na lava quente e se transformar em Vader, e ainda se confunde com Luke e Han Solo. Mas era a primeira vez que veria o Retorno de Jedi.

Tudo ia bem na história e eu já o havia preparado para a morte do Lorde Vader, mas quando chegou a cena em que pai e filho se deparam e lutam um cm o outro, e Luke decepa a mão do Pai enquanto o malvado Imperador Lorde Sith incita o herói a seguir os passos do pai, e ataca Luke, Miguel saiu correndo da sala.  Não porque estivesse com medo do filme em si, mas porque achou que Darth Vader ia matar o filho. Ele virou para mim e disse: “mamãe, mas ele vai matar o filho?”.

Parei o filme e chamei-o de volta para a sala. Vamos lá, ele não estava com medo da cena, mas de que o pai matasse o filho! Expliquei que não, que ele estava salvando o filho porque ele tinha visto que dentro do Darth Vader ainda tinha um lado bom que era o Anakin, e que ele ia matar o malvado Imperador. Então, ele vira e diz: “Coloca de novo para eu superar”.

Superar, superar o quê? O medo de ver o filme? O pai matar filho? O mal?

Aquele vilão malvado encanta meu filho porque ele conhece uma história que eu vi pela metade, no meu tempo só existiam três filmes, meios desconexos que se juntavam de repente no último. Mas para o Miguel não, ele conhecia o Anakin, e o viu se tornar mal, porque ele queria tanto ser bom, e foi enganado, cedeu ao poder. Ele sabia, assim como o Luke, que dentro daquela máscara tinha uma cara legal.

E no final do filme Miguel ainda diz: “Eu não quero ir para o lado negro da força não, mamãe, eu quero se bom”.

Eu passei a gostar mais do Darth Vader e achar os outros heróis uns chatos.

Comentário após relato: Não sei o que pensar das crianças dos dias de hoje, eu com 4 anos era um bebe, Miguel é um mini adulto, cheio de reflexões e percepções sobre o mundo. De fato nunca havia me atentado para o dilema pai-filho que ronda o filme Retorno de Jedi, claro que abordado de uma forma bastante superficial, a primeira trilogia é bem mais densa, mas ele tão pequena percebeu que não pode haver este tipo de enfrentamento entre pai e filho, e isto o assustou mais que a guerra. O coraçãozinho dele pulava loucamente em seu peito. Mas querer enfrentar seu medo e ver o que se passava foi mais corajoso que muito de nós em nossos temores pessoais.

Um comentário:

Unknown disse...

Lenora Pessôa Teca - Posso te dizer que como fã da triologia e mãe de um menino, eu estou extremamente emocionada de ler o seu relato.
E sim, eles são muito mais maduros do que nós erámos com 4/5 anos, e é realmente impressionante.