Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

domingo, 29 de junho de 2014

Independência Futebol Clube

Sempre faço de tudo para que o Miguel seja independente e tenha suas vontades, mesmo  que não combinem com as minhas.

Outro dia o levei ao shopping pela primeira vez para fazer compras, normalmente eu compro o que quero e tá beleza. Mas desta vez queria um momento nosso, ele precisava de tênis e achei que seria legal. 

Passamos em frente a uma vitrine e ele logo criticou os modelos expostos e começou a descrever mais ou menos  o que ele queria, algo parecido com uma chuteira. Talvez o clima Copa do Mundo, ou simplesmente o fato de ser menino, não importa. 

Tracei um roteiro de lojas na  minha cabeça e fui em frente. Por sorte logo na segunda encontramos algo neste estilo. De cara ele apanhou um par de tênis de cor laranja, peguei o mesmo modelo em azul, achando que combinaria mais e ele aceitou experimentar os dois. Depois de calçá-los me perguntou se poderia levar os dois, eu disse que não dava porque o pé iria crescer e ele acabaria perdendo o tênis, então ele escolheu o laranja. Eu disse que preferia o outro, mas ele sustentou sua decisão e já queria sair com sapato novo na mesma hora. Ainda teve um momento em que ele ainda pensou em me agradar com o outro, mas disse que ele te que escolher o que gostava mais.E não é que ficou maneiro?!

Hoje Miguel levantou, saiu da sala e foi até a cozinha. Ouvimos uma série de pequenos barulhos - armário se abrindo,gaveta, geladeira, pote de vidro. De repente ele volta para a sala com seu prato de café da manhã:um pratinho com três biscoitos maisena cada um com um fio de doce de leite. Vou correndo na cozinha ver o "desastre" que sobrou e não encontro nada. Inclusive o doce de leite está de volta guardado na geladeira.

 Após o café, pedi a ele que trocasse de roupa e arrumasse a cama. Depois de tanta desenvoltura no preparo culinário do desjejum, eu deveria ter gravado ele praguejando enquanto arrumava a cama, e se amaldiçoando porque tem 5 anos e não era mais um bebezinho chato que pelo menos todo mundo faz tudo para eles. Vai entender os geminianos.


Isso é a fase dos 5 anos de crianças independentes!  E a gente tem que acompanhar ou se perde no caminho.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Filhos são para o mundo

Sempre digo que criamos filhos para o mundo, que eles não nos pertencem e que devemos nos acostumar a esta ideia. Hoje eu vivenciei isso. 

Fui ao cinema com o Miguel e uma trupe de amigos e na hora de sentarmos, como éramos muitos tivemos que nos separar (já tínhamos combinado em casa que isso iria acontecer).
Beleza, sem apegos. 


Mas quando começou a sessão e os trailer e o filme, me peguei querendo comentar com ele, mas quando vi ele estava de papo com os amigos, falando "que legal", "que maneiro", e eu tinha ficado de lado. Ele estava curtindo com os amigos e a mamãe tinha ficado para escanteio. 


Ele é meu companheiro de filmes e de repente cresceu, está em outra, enturmado. É a primeira vez que percebi este desprendimento dele de que tanto falo, como se comprovasse a teoria de que ele não me pertence. Fiquei feliz, porque ele está num bom caminho e vai se virar muito bem sem mim, mas fiquei triste porque este tempo vai chegar mais rápido que imaginei. 


Isso é que dá criar passarinho com gaiola aberta!

Vovô Zé



Estávamos indo ao cinema eu e Miguel e não sei o que levou à conversa, mas começamos a falar do meu pai. Ele perguntou porque ele não vinha nos visitar e respondi que ele morava muito longe. Miguel ficou meio na dúvida se meu pai era seu avô e eu disse que ele tinha sorte porque tinha 3 avôs.

Então Miguel disse lembrava de tê-lo visto na festa das primas em dezembro, e confundiu com sua festa de aniversario, o que acabei não corrigindo porque achei que seria melhor ele ter esta lembrança do avó em um aniversário seu, sei lá.

Ele me disse que lembrava do avô sentado no canto sozinho, e aquilo fez meu coração ficar muito apertado.  Tentei explicar que às vezes o vovô tinha vergonha e preferia ficar sozinho, que ele e a vovucha tinha se separado quando eu era muito criança e que ele ficou muito tempo longe e que hoje ele não sabe muito como ficar perto. Mas que ele amava muito o Miguel e a mamãe.

E ele me perguntou:

- Mas ele me ama só porque eu sou o neto dele?

- Claro, e você acha isso pouco? Você é um cara muito legal!

- É mesmo.

 O assunto morreu ali. Eu nunca vou saber como explicar isso para ele, se eu mesma não sei explicar para mim.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Os Saltimbancos



Miguel não curte ir ao teatro, acho que é um trauma de ter ido ver a peça da “triangulinha” quando ainda tinha uns 2 anos. A peça era sobre as diferenças/ bulling, e a minha mãe o levou para já ensiná-lo a ter respeito pelo outro e tal. Na época ele ficou um pouco assustado, mas curtiu. Ele é assim, não se deixa abater pelos medos. Mas o resultado é que ele não curte muito ir ao teatro.


A outra avó o convidou para ver Os Saltimbancos, não preciso dizer o quão diferente é a peça daquela sua primeira experiência teatral, muito menos entrar em detalhes sobre as músicas de Chico, certo? 

Pois bem, falei para ele que ia sair com a vovó e logo ficou animado, quando disse que era teatro ficou amuado, mas para não ser “do contra” aceitou. Ele tanto queria passear e estar com a avó, que até se convidou para dormir, passar a noite com ela após o teatro, o problema mesma era o passeio em si. Na hora de sair enquanto ele mesmo abotoava as camisa, ainda chegou a perguntou porque tinha que ir obrigado. Respondi que não era obrigado e não precisava ir mas que tinha certeza que ele gostar, e num tom desafiador, ele me respondeu:


- Eu duvido!


No dia seguinte, quando a vovó o trouxe de volta, perguntei como tinha sido a peça e ele, em tom displicente falou:


- Era a “miau miau miau”.


Não queria dar o braço a torcer que conhecia a música, então falei que eu já tinha visto aquele teatrinho quando eu era criança e que também conhecia as músicas, mas ele não deu muita bola.


Durante os dias que se seguiram, ouvimos ele cantarolar as músicas da peça pela casa a todo momento, a qualquer  hora e sempre que podia, resultado: adorou a peça! 

Com Miguel tem que ser assim, comendo pelas beiradas para fazê-lo experimentar as coisas que na verdade ele já conhece.

domingo, 1 de junho de 2014

Coxinha de galinha

-"Mãe, você está gordurosa". 

-"você está me chamando de gorda, é?"

-"Você está gorda só na sua coxinha de galinha - (riso entre os dentes, e eu com cara de poucos amigos) - Eu amo coxinha de galinha, por isso eu te amo!"


Sério que eu tive que ouvir isso hoje de manhã do Miguel