Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Identidades invisíveis

Miguel voltou das férias no final de semana, muito feliz em reencontrar os pais. Tocou a campainha da porta com um sorriso nos lábios. Do outro lado, o pai, ansioso por um abraço, abriu com a mesma alegria. Eis a surpresa quando Miguel percebeu que seu pai estava careca. Ele deu meia volta e saiu pelo corredor, quando o alcancei ele iniciou um choro sentido.

Não, o pai não estava careca porque qualquer motivo de saúde, era apenas um novo estilo que estava experimentando. E que na verdade achei muito charmoso...

Lembrei-me de uma vez quando pequena e meus pais ainda eram casados, um dia voltando da escola cheguei em casa e não reconheci meu pai. Ele sempre usava uma barba densa e cheia, pra mim era sua marca registrada, e de repente ele estava careca de barba, cara limpa! Eu chorei. Não o reconheci, não identifiquei meu pai naquele homem a minha frente.

Foi o que aconteceu com o Miguel.

Os pelos corporais e faciais se tornaram identidade de quem somos, nos conferem um rosto e geram no outro expectativas diversas sobre quem é como somos. As tatuagens fazem o mesmo efeito, assim como brincos, piercings, etc. Marcas de identidade.

De repente o pai não é mais o pai, mas um outro ser estranho, diverso, único. A pergunta feita pelo meu filho foi se o cabelo iria crescer, seguida da promessa de que nunca mais o país fizesse "aquilo".

Mas na verdade "aquilo" não faz dele menos pai, marido ou filho.  Não nos diz respeito as escolhas individuais. Por que então elas nos incomodam tanto? Ok é fácil entender a reação das crianças mas é os demais, os adultos?

Nossas identidades estão mais fluídas e menos enrijecidas. E isso assusta, não poder mais nomear e classificar as pessoas pelo que são ou deixam de ser traz um desconforto. É necessário categorizar e enquadrar numa escala qualquer de valores para que possamos compreender o outro. Foi assim que nos ensinaram na escola.

Mas o mundo da voltas e as percepções mudam. Hoje somos quem queremos ser, "somos quem podemos ser", e as possibilidades de ser são ilimitadas e infinitas. As identidades são invisíveis a olho nu.

A lição nesta história é o respeito à individualidade, o amor acima da expectativa. E esta é uma lição de vivemos todos os dias.

domingo, 30 de julho de 2017

Liberdade para ser

Miguel trouxe um pote de Nutella da casa da avó. Enquanto fazíamos um lanche ele pergunta:
- Mamãe, por que você nunca compra Nutella?
- Porque ela contém óleo de palma, lembra?
Silêncio reflexivo...
- Mamãe, eu tenho que ser igual a você?
- Claro que não! A mamãe te explica as coisas e conta aquilo em quê ela acredita e você faz as suas escolhas.
- Ah, que bom.
E assim começa a liberdade de escolha.

sábado, 29 de julho de 2017

Férias de inverno

Depois de 2 semanas de férias na casa dos Vovuchos, Miguel voltou para casa. Com ele voltaram a bagunça, o barulho, os risos e as músicas de jogos eletrônicos.

Foram dias de muita tranquilidade para os pais, de muita diversão para o Miguel e de festa para os Vovuchos, que também receberam o outro neto para deixar as férias ainda mais divertidas. Teve colônia de férias, parque de diversão, McVovucha, cone de doce de leite no café da manhã....

Memórias foram tecidas, laços fortalecidos, carinhos trocados.

Entregamos nosso herdeiro com total confiança de que estaria em boas mãos (bons corações) e na volta matariamos saudades entre beijos e abraços.

Nossos sentimentos são de gratidão e amor por estes Vovuchos nota 1000!💖

P.S. Nos vemos novamente nas férias de verão.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Tal pai, tal filho

Miguel hoje.

- Vovucha, qual é mesmo a profissão dos meus pais?
- Seu pai é antropólogo e sua mãe cientista social que trabalha com projetos.
- Vou ser antropólogo igual ao meu pai!

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Prefácio do Miguel

Quando menina sempre curti as brincadeiras de casinha com as bonecas ou com os amigos e crianças menores. Eu era sempre a mãe. A ideia de cuidar, ninar, e amar outro ser era tão natural que eu “tinha que” fazer isso.

No teatro da escola era a mãezinha segurando a mão de um colega que fazia meu filho e uma boneca de lhos esbugalhados.


Escrevia em cadernos e folhas os nomes possíveis para meus filhos e filhas futuros.
 
A ideia de ser mãe foi crescendo em meu coração como uma  ordem natural a qual deveria seguir ou morrer tentando (kkkk eu não chegaria a tanto, mas a emoção da criança parecia assim, radical).

A menina cresceu, escolheu um par, um companheiro, um parceiro. Juntos sonharam novamente com a mãe. Como a Grande Mãe Gaia que deu vida aos Deuses, e gerou a humanidade a partir de seus filhos, sonhei comum ventre cheio e fértil  de amor e vida.

Os nomes escritos na infância já não faziam sentido para aquele ser que se desenvolvia preguiçosamente em minha barriga. Era preciso algo único, algo nosso.

Lendo um livro encontrei este nome, de que nunca havia gostado, porém agora neste novo contexto ganhava uma nova forma com mãozinhas e pezinhos diminutos. Um novo nome cheio de significados metafísicos, históricos e espirituais, aquele que pode falar com Deus em nome dos homens. Um orador, comunicador, um verdadeiro geminiano.

Assim nosso Miguel foi sendo gestado. Uma gestação que começou mais de 20 anos antes dele chegar. Começou com uma brincadeira, como um sonho e se concretizou numa parceria e amor.

E então ele chegou! Cabeludo, narigudo e pezudo. De olhos abertos e falando (na verdade berrando) – “ei mundo, cheguei!”. Olhos de arco-íris, gengiva careca, sorrisos e caretas... Sempre atento ao que o mundo mostrava, um verdadeiro mini computador, registrando tudo e todos, atualizando-se e retornando com mais e mais informações.

Cresceu, ainda cresce. Se aventura destemidamente pelo mundo, corre, cai, salta, brinca, lê, atua (esse é meu filho, sem dúvidas), e sempre cercados de amigos, novos, antigos e ainda não descobertos.

Esse é o Miguel, aquele que nos escolheu para sermos seus pais, aquele que escolhemos para ser nosso filho. A quem amamos com suas qualidades, com quem aprendemos a sermos seres humanos melhores, e  a quem ensinamos a amar, confiar,  respeitar e viver.


 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Neologismos

O legal de termos amigos de diversas origens e países é sempre aprender um neologismo ou uma expressão diferente. 

Acho super interessante quando amigas francesas me perguntam se podem "ter" um copo de água, ou quando uma tia que mora há anos fora aportuguesa algumas palavras dizendo que vai se "aplicar" para uma oferta de uma nova casa. 

Mas a vencedora das paradas foi hoje quando o amigo do Miguel (de origem francesa) descreveu o objetivo de um novo jogo que está jogando: FUISONAR as vacas (???)
 

Tradução: unir duas vacas iguais para que se transformem em uma vaca grandona.
 

Uahahahahaha
 

A linguagem é o maior barato, como é bom a gente se conectar com as pessoas. 

Maravilhoso!

terça-feira, 4 de julho de 2017

A turma do Fogãozinho

Sempre me perguntam como aprendi a cozinhar. Eu não sei, por aí. Lembro que ganhei um livro de receitas de minha mãe quando era pequena, tinha uns 9 ou 10 anos. 

Terá sido isso?

Só sei que conversando com o Miguel  comentei do livro e de como tinha um monte de receitinhas que eu fazia sozinha sem ajuda da vovucha, e ele disse que queria um livro igual ao meu. 


E não é que encontrei uma reedição?! Taí.

Quando abri o livro relembrei de cada receita que eu fiz, e daquelas que tinham "verdinho" e  "temperos" que hoje eu amo e na época achava um horror. Mas do que mais lembro o sabor era da gemada.... nossa, como comemos gemada no café da manhã, eu e minha irmã...

Agora ele pediu para comprar os ingredientes para um delicioso pavê de chocolate, mas tem que ser com biscoito champanhe, exigência dele. E será que ele sabe o que é biscoito champanhe?


Tradição culinária de mãe pra filho.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Formatura do Violino

Apresentação de violino, encerramento do primeiro módulo, depois de 3 meses e meio de aula.

Ele veio com o dom da música e da alegria.


domingo, 11 de junho de 2017

Corrente do Bem

Como podemos ensinar a uma criança sobre valores e moral se não apresentarmos a ela o respeito? E o que é o respeito?

Segundo o dicionário, respeito é "consideração; sentimento que leva alguém a tratar outra pessoa com grande atenção, profunda deferência, consideração ou reverência". Entendo respeito como tratar alguém como eu mesma gostaria de ser tratada, sem deixar de considerar as diferenças individuais. Sendo assim, temos que olhar o outro como gostaríamos de ser olhados, e este outro pode ser qualquer pessoa a nossa volta. 

Vivemos num gueto de abastados, sem dor, sem ter que lutar por nossa sobrevivência. E ao nosso lado se dispõem famílias inteiras (desamparadas ou não, não importa) no chão da rua.

Como podemos tocar a vida das pessoas? Como podemos fazer diferença entre os que amamos e aqueles que nos são estranhos? E se cada pessoa do mundo fizer uma ação significativa, boa, e ao mesmo tempo difícil, para outra pessoa, como um presente?

Ridículo? Utópico? Ninguém disse que era para ser fácil.

Foi assim que nos vimos envolvidos em solidariedade anônima aqueles que precisam se sentir amados. Não se trata em dar para quem "precisa" mas reconhecer que existem outros fora de nós que também merecem atenção, carinho e amor, simplesmente pelo fato de existirem.

Seguindo estas ideias temos levado Miguel as ações (sociais) que praticamos para os outros. É importante que ele compreenda empiricamente o que se dar para alguém.
Então, fomos para a campanha inverno feliz ou qualquer coisa assim. A ideia era fazermos um lanche e doarmos comida e cobertores a pessoas em situação de rua (nós mesmos tivemos um tio que se tornou morador de rua por escolha, levado pelos vícios, mas esta é outra história).

Quando chegamos Miguel era a única criança e parecia meio deslocado. Então uma das voluntárias ofertou-lhe um saco de doces ganhos em uma festa infantil. Ele aceitou de bom grado, macaco gosta de banana? De repente ele abriu o saco de guloseimas e começou a dividir os regalos nos sacos de lanches que seriam distribuídos aos moradores de rua.

Claro que ele guardou um para si, mas todo o conteúdo ganho foi repartido com aqueles que não conhecia e que precisavam de um carinho a mais, como aquele que ele mesmo havia recebido. 
 
Se trata em fazer o bem para alguém que não espera e que não se conhece, se trata de estender o braço para uma outra pessoa que não a si mesmo, se trata de amar o próximo como a si mesmo. Se trata de fazer o bem pelo bem. 

Acho que a lição está sendo ensinada e apreendida... que assim seja!


 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

8 e alguma coisa

Hoje é o dia do nosso herdeiro... Miguel!!!! 

8 é o número do equilíbrio cósmico, do infinito, da justiça e da renovação, o favorito dele.


Cada dia mais amor, cada dia mais vida, cada dia mais alegria, cada dia mais paixão, cada dia mais brincadeiras, cada dia mais fofuras, cada dia único na estrada que trilhamos juntos...

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Clash Royale

Não basta ser mãe, tem que fazer coroa de clash royale também.
Da série "mãe artesã".

".

terça-feira, 16 de maio de 2017

Miguel e a autoestima

Poucos homens tiram o fôlego de minha esposa, tirante este escrevinhador, por suposto. Um deles é, sem dúvida alguma, Fitzwilliam Darcy, mais conhecido nos círculos femininos (e certos masculinos também, desconfio) como Mr. Darcy, o herói de “Orgulho e preconceito”, romance escrito por Jane Austen há mais de dois séculos. Charmoso e muito rico, ele é inicialmente rejeitado pela mocinha Elizabeth Bennet, que o crê arrogante e esnobe. Isso até descobrir que Mr. Darcy é generoso, corajoso e muito apaixonado.

Em 1995, a rede britânica BBC adaptou o romance para a televisão, escolhendo como intérprete de Mr. Darcy o ator inglês Colin Firth. Firth tornou-se sex symbol a partir daí, identificado com o personagem, sobretudo após a cena em que mergulha no lago e deixa transparecer a camisa branca molhada. Sim, o aristocrata fleumático é o homem que muitas mulheres (e homens, também desconfio) sonham para dividir a alcova, viril e sensível. Nada de metrossexual, nada de hipster da Federal. Coube a Mr. Darcy uma das mais famosas declarações de amor da literatura inglesa: “Em vão tenho lutado comigo mesmo, mas nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos; preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente”.

Pois bem. Ontem, a digníssima senhora me mostra um foto de Mr. Darcy/Colin Firth na tela do celular. Exclamo “Ah, Mr. Darcy!”, ao que Miguel pergunta de quem se tratava. Digo a ele que é um cara que a mamãe adora.

- É o homem mais bonito do mundo, ela grita lá da sala.

O rapazola, então, emenda de bate-pronto:

- Mas eu não me chamo Mr. Darcy!

E dá um sorriso de canto de boca. 

Fonte: Texto escrito pelo papai e publicado em seu blog
https://desconstruindomarcelo.blogspot.com.br/2017/05/miguel-e-autoestima.html?spref=fb 

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Escatologias

Miguel acaba de entrar para o ranking escatológico da família. 
  Ele foi ao banheiro na escola fazer o dois e não tinha papel, mas ele só percebeu quando já era tarde. 
O que fazer? 
Não titubeou, meteu a mão no bumbum para limpar e depois lavou as mãos (muito mesmo, segundo ele) na pia. 
Acho que vou vomitar. 
ECA!!!!!
 Considerações: papai e vovó comeram coco quando crianças, será que tem alguma a ver?

quinta-feira, 2 de março de 2017

Amor de Filho II

Continuando na fase amorosa, Miguel se declara mais uma vez pra mim.
- Mamãe, eu te amo.
- E por que você me ama?
- Ah porque você faz coisas legais pra mim, tipo ir a Disney e comprar brownie... E você me abraça, e faz carinho. Etc, essas coisas.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Amor de Filho I



Abraço meu filho, o beijo no rosto (naquelas bochechas pueris) e digo: 


- Te amo mais que o Universo e as estrelas.
 

Ele me beija de volta, me abraça e num sussurro suave, declara:
 

- Então eu te amo mais!

Das duas uma: ou aproveito este carinho enquanto não tenho concorrentes de sua atenção, ou a menina que se apaixonar por ele está ferrada!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Todas de barriguinha de fora

- Elas pareciam adolescentes, estavam todas com a barriga de fora - ele comentou sem parar para me encarar ou qualquer coisa. O tom de seu comentário era de crítica, e foi quando perguntei.


Dia de carnaval na escola.

Apesar do Miguel não curtir samba, ele bem topa uma bagunça e se fantasiar.

Lá foi ele com sua fantasia de Finn*. No final do dia chega em casa comentando que achou muito estranho as meninas da sala dele no carnaval.

??????


- Elas não podem ir de barriga de fora? - ao mesmo imaginava fantasias de baiana, odalisca e havaiana que tradicionalmente fazem o estilo "barriguinha de fora".

- Não, porque elas não são adolescentes.

Miguel rotulou e taxou o lugar apropriado para determinada vestimenta, e porque não comportamentos? Nesta nova escola se depara com atitudes que antes lhe pareciam distantes. Há que compreender mas não se corromper.

* Finn é personagem do desenho animado Hora da Aventura - http://www.imdb.com/title/tt1305826/

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Uma nova paixão?

No último final de semana enquanto eu estava fora trabalhando em um evento, pai e filho foram convidados para almoçar na casa de uns amigos. Lugar ideal para uma tarde de domingo, todos curtem comer e beber bem, havia área de lazer para as crianças e nossos filhos poderiam socializar de um lado, enquanto os pais bebericavam de outro.

Neste cenário aprazível de uma tarde de verão, começou um tititi entre as crianças. Eu não estava presente então estou recontando em terceira mão o ocorrido.

Num dado momento da brincadeira vem à tona, talvez precocemente, a conversa de quem acha quem bonito. É engraçado porque me lembro de nesta idade começar a ter algum interesse pelos meninos mas ainda de forma bastante ingênua. Beijos (numa rodinha de verdade ou consequência) e  insinuações surgiram por volta dos 10 anos.Resultado de imagem para meninos e meninas brincando 8 anosMiguel revela ao grupo de amigos, composto por três meninas e um menino (fora ele) que achava uma das meninas da roda bonita. A irmã dela o puxa pelo braço e leva para outra área e, à distância, o pai testemunha um ir e vir frenético entre a patota. É o frenesi da descoberta, da identificação com o grupo e da diferenciação entre meninos e meninas.

O que rolou não sabemos ao certo. A pergunta feita foi sobre sua eleita de até então, teria sido esquecida? Substituída? Uma nova paixão? Mas ele desconversou, entre risinhos tímidos e envergonhados. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

Será que houve alguma troca de afeição? Espero que não, que eles se permitam viver a ingenuidade da infância de forma plena, porque uma vez maculados não há volta, o véu do mundo se abre e o caminho de volta é lacrado, é daí pra frente. 

É uma delícia vê-los experimentando a vida. Para nós pais, espectadores, só nos resta apoiar e orientar, e aceitar que aquele bebezinho está, há muito, caminhando com as próprias pernas.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Rotulando o outro

Na escola uma das atividades é descrever as características de outras pessoas. O tão conhecido nós X o outro.
Miguel recebeu um desenho com duas crianças  e descreveu com seu olhar a cena que se passava - são amigos! A professora, incutida de suas intenções se porque não de seus preconceitos, o "corrigiu".  Um era alto e outro baixo, um era magro e o outro "gordinho".
Esta doeu no meu útero.
Primeiro porque ele viu algo além de descrições estereotipadas.
Segundo porque não há problema ser gordo ou magro, mas é necessário definir o parâmetro de comparação. Estas qualidades não existem intrinsecamente no ser humano, mas são adotados pelos outros (aqueles que não o sujeito de quem falamos) em relação a um ponto qualquer inicial que servirá de base de avaliação.
Eu por exemplo com 57kg sou GORDA em relação a Gisele Bunchen, e sou MAGRA em relação à Preta Gil. Mas isso não diz nada sobre mim, só serve para me identificar em meio a uma multidão de estereótipos.
Então continuamos a conversa...
Não existe feio ou bonito, na verdade escolhemos o que nos parece belo ou não. E Miguel completa:
- Ah, como no Modern Familý* quando a Alex diz que a arte é bela para uns e feia para outros.
- Isso aí, meu filho. - comenta o pai orgulhoso.
Mas será que ele entendeu?
 - Agora finge que não lembro do Cameron ( personagem da mesma serie) e descreve ele. - pede o pai cheio de intenções, uma vez que a personagem é GAY, HISTÉRICO e GORDO(sim usei vários estereótipos, mas a ideia é essa).
Resultado de imagem para modern family cameron mitchell - Ah não sei... - diz o Miguel já tentando imaginar a pegadinha por de trás do pedido.
 - OK, então me diz como eu sei quem e o Cameron e quem é o Mitchel?
 - Ah... o Mitchel é o de BARBA. - show, eu jamais o descreveria assim, pra mim ele é o RUIVO.
- E o Cameron?
Ele tentou não responder esta pergunta e saindo pela tangente disse:
 - O da cara ENGRAÇADA.
Sim o cara é gordo em relação aos demais do elenco, inclusive a questão do peso surge em diversos episódios, não há nada de errado nisso. 
A conversa continuou no ar, e também a nossa dificuldade em mostrar a diferença entre utilizar características de uma pessoa como ofensa ou como simples descrição. Num mundo onde o politicamente correto toma conta de tudo que pensamos, falar muitas vezes a verdade dos fatos, se torna um exercício escorregadio de fugir do abraço de uma Anaconda, você até se esquiva mas acaba sendo pego.
Meu filho, o que importa é que não há nada errado em ser gordo, feio, magro, baixo, alto, bonito, gay ou hétero desde que qualquer destas características não sejam utilizadas em tom depreciativo. 
O mais importante, e isso o Miguel sabia no início do exercício, é que eles eram amigos.

 

* Modern Family - seriado de TV americano que aponta uma nova configuração familiar onde há divórcios, casamento homossexual, casamento tradicional, casais com diferença de idades, estrangeiros, adoção de crianças, etc.

Evolução tecnológica ou doce de criança?

Vendo um filme policial em família, em determinada cena uma das personagens diz que não ainda não viu o disquete e não pode prender o bandido. Aí começa a conversa paralela:
Nenhum texto alternativo automático disponível.
- KKKK disquete, diz Marcelo.
- Miguel, você sabe o que é disquete? - pergunto eu com segundas intenções.
- Claro, né? Uma balinha.
- Uahahahahah - rimos em coro, e nem explicamos mais nada pra ele.
- Isso merece um post - Marcelo completa ainda com o riso no fundo da garganta.
 

E Miguel sem entender continua a ver o filme...
 

Nenhum texto alternativo automático disponível.É assim que percebemos que estamos ficando velhos, quando o auge da tecnologia da nossa infância é o nome de uma bala na infância do nosso filho.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sem reservas

Sentados vendo um filme romântico na TV Miguel sempre se acanha hora dos beijos. Claro que aproveitamos para emitir o tradicional "awwww" nestas cenas deixando-o ainda mais envergonhado.

Ele estava deitado em meu colo enquanto aquela história boba se desenrolava, até que o mocinho (ou ainda se fala galã?) beija a mocinha (ou seria heroína?). 

Então eu olho para ele e sem pestanejar digo: 

- AWWWWWW!

- Ah, para mamãe.  

- Ora, por que? Eu adoro beijar. 

- Por que?

- É o jeito que a gente de dizer que gosta de alguém, é gostoso. - Enquanto eu falava percebi sua movimentação, uma certa inquietude na pélvis. - O que está acontecendo aí, meu filho?

Ele começa a rir sem , e sem reservas me dá uma resposta.

- Ah eu sei lá. Às vezes quando eu vejo beijo assim meu pinto fica duro, acontece alguma coisa.

A mãe ri e fica com cara de tacho, ainda ponderando se teria sido o beijo ou a Catherine Zeta-Jones?

Seja lá o que for, meu filho está crescendo, literalmente!



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O Coração de Botafoguense


Miguel: - Papai, eu achava que o coração parava de bater quando a gente deitava pra dormir, e voltava a bater quando a gente acordava no dia seguinte. 

Pai:  - Faz todo o sentido, meu filho. Afinal, nosso coração também precisa de descanso, sobretudo os que sofrem de amor não correspondido e maltratados pelo time do coração (que o digam os botafoguenses após o jogo de ontem, né?).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Percepções da nova escola


Miguel dá depoimento sobre a nova escola e suas impressões iniciais.



O primeiro dia de novo

Primeiro dia numa escola nova. 


Depois de receber a notícias da mudança com lágrimas nos olhos (ele está aprendendo a lidar com mudanças, esta é a lição que ele tem nesta vida), Miguel se resignou e aceitou os prós e contras da decisão. 

Ouviu alguns amigos, conhecidos e familiares que também frequentaram escola pública. Pesou os benefícios que teria, entre eles, atividades extras que combinamos que ele poderia fazer.

Acordou cedo - como se não bastasse a troca de escola, o horário também é novidade -, se aprontou rapidamente e bem disposto, me atrevo dizer que ele estava animado. 

Seguimos no caminho, mas não sem antes registrar o momento com descontração. Foto na posição do Bolt, e vamos em frente. 

Chegou ao prédio subindo as escadas aos saltos. Seria entusiamo? Seria medo? Seja lá o que foi, ele encarou de frente, cabeça erguida e ombros para trás.

No portão nos informaram que a professora dele está em capacitação (isso é bom, né?) e a turma iniciaria apenas na segunda. 

Puxa, rolou uma certa decepção. 

Mas o Diretor (ah, sim, o próprio Diretor da escola dava boas vindas aos alunos, enquanto o Inspetor organizava a entrada) propôs àqueles que quisessem ficar, providenciar atividades junto a outra turma. Detalhe uma turma mais velha que a dele. Teria sido isso um sinal? 

Perguntamos ao Miguel o que gostaria de fazer, ficar e se enturmar ou retornar somente na segunda. Ele quis ficar! Meus olhos encheram-se pela decisão, pela escolha que ele fez, sem pressão, com amor.

São estes momentos que importam.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Babá? Não obrigado

No ônibus indo para a piscina, Miguel começa a planejar seu aniversário que será em 6 meses, acho que ele será de Planejamento Estratégico.

Bem, entre sonhos com personagens, guloseimas da Milou e amigos convidados surge uma preocupação - o primo que nasceu na véspera do seu aniversário e este ano completa 1 ano.

- Mamãe, eu  não quero que o D. vá na minha festa.

- Ué, por que não?  Você não gosta do seu primo?

- Gosto, ele é fofo. Mas.....  - esse "mas" é o que acaba com a gente. - Mas é melhor não.

- Miguel, você sabe que pode falar qualquer coisa para a mamãe, o que é?

 - Ele ainda é muito pequeno. E é muito chato quando a gente sai, e vai em restaurante ou na casa da vovó e ele vai também porque sempre tem aquela moça que fica com ele no colo. E a gente não pode brincar com ele. Ela não é da família, ela não tem que ir.

 - Mas ela ajuda a sua tia a tomar conta dele. Conta história e cuida dele.

 - Por isso eu não quero que ele vá! Se ele for sozinho tudo bem, mas com ela não.  Ela estraga tudo.

- Coitada, ela é boazinha. - eu disse tentando contemporizar, mas intimamente concordando - E as cuidadoras da bisavó?

- Elas são chatas também. Não gosto quando elas vão, mas atrapalham menos.

 - ???????????? Então converse com a sua tia e diga como você se sente.

 - Ah, não quero mais falar sobre este assunto.





Casa de coração

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Cena I - Eu e Mi sentados no sofá, conversando qualquer bobagem. De repente, movida pela saudade e carinho, mando aquela frase sentimentalista e piegas.

Eu: Miguel, você tem o coração de ouro! <3 span="">

Miguel: Então, por que a gente não arranca meu coração fora e compra uma casa? :p Entendeu, hã? Hã?


* E ele ainda deu uma piscadinha...

domingo, 29 de janeiro de 2017

O retorno


Então o filho retorna de 20 dias de férias na casa da avó. 

E, duas noites seguidas, acorda o pai e vai dormir na minha cama. :( 

Falta muito para as férias de julho?

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Férias na Vovucha

Foram 20 dias de muita curtição.

Fomos a cachoeira. Pintamos. Lemos as aventuras de Adara e o Dragão de Gelo. Fomos umas cinco vezes no Machiatto Cat Café, pintamos, jogamos peteleco, Perfil, rimos muito com as caretas do Barbosinha!

Na Colônia de Férias ele jogou futebol, vôlei, queimado, brincou de pic bandeira, cabo de guerra, caça ao tesouro. Muita piscina, toboágua e esquibunda. Cinema e trenzinho dos super heróis (a Colônia foi uma benção. De segunda a sexta, das 13:00 as 17:00hs!)
Confesso que dei balinhas, 2 dias de salgadinho em lugar do almoço (estava muito calor), 2 dias de Mac Donalds, tablet, PS3, celular e Ipad à vontade para jogar Clash Royale.
A imagem pode conter: 1 pessoa, comendo, sentado, área interna e close-upDei muitas broncas tentando estipular tempo de jogo e TV. Desisti.
E ele? Foi ótimo.
Tomou banho sem reclamar. Comeu muito bem (o guri é uma draga). Foi uma excelente companhia.
Amanhã ele volta para sua rotina. Para o futebol de botão. Os amigos Mael e Caio. Papai e mamãe. 

Novas descobertas e amigos na nova escola.
Em julho tem mais, Barbosinha! 

Estaremos de braços abertos para lhe receber!

*Contribuição da Vovucha

domingo, 22 de janeiro de 2017

Reflexão paterna

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Neste flagrante, percebemos nitidamente que Miguel reflete, com certa culpa, sobre o abandono voluntário de praticamente três semanas imposto ao pai, a quem lhe deve a vida. 

Pode deixar, mermão, na volta não adianta vir com chamego, não.

*Contribuição do papai.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Victorio's Secret


Se houvesse um Victorio's Secret, sem dúvida o moleque estaria entre os modelos mais requisitados. 

Sente o olhar penetrante. 


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Já falei aqui, mas vale repetir ad nauseam: vai ser bonito assim na casa do chapéu. Com todo o respeito.

* Contribuição do pai.