Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mata o velho

A experiência de estar com o Miguel não é exclusividade minha ou do pai. 

Como contei em alguns posts atrás, durante as férias tivemos que pedir penico e os avós de ambos os lados nos auxiliaram, intercalando as semanas para tomar conta do príncipe herdeiro.

Na semana dos avós paternos muito da rotina pré definida teve que ser ajustado, e entre as tantas atividades que foram reacomodadas ou suspensas estava o mailing do vovô. Pensamentos e crônicas que semanalmente ele envia para um grupo de assíduos leitores (quase um blog). Enfim, para comunicar sua gang de que estaria fora dor durante o período, o vovô enviou um bem humorado e-mail, que tomo a liberdade de copiar (inclusive a imagem) para que Miguel possa conhecer e lembrar deste lado refinado do avô.

Para vocês copio "Mata o velho" (enviado originalmente em 27/01/14):

"Dou uma paradinha – forçada – esta semana. A casa foi invadida por uma pessoinha querida: meu neto Miguel. Nem pisco antes de pedir licença a ele. É o comandante-em-chefe das Forças Desarmadas, Anarquizantes e Sediciosas, conhecidas na intimidade por FORDAS (ufa, passou perto ...). Estamos de prontidão aqui em casa, dominados por carrinhos, livrinhos, joguinhos e outros diminutivos menos votados.

Se sobreviver, volto na semana que vem. Ei, Miguel, o que é essa corda na sua mão ? E essa pistola de raios ? Para com isso, para com isso, para c...
Abraço corrido e prazeroso.  J."

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Crime e Castigo

Recebi outro dia um artigo de uma psicóloga sobre o cantinho do castigo, acho que queriam me alertar sobre este tipo de punição ou chamar minha atenção para não adotar simplesmente a técnica sem uma prévia reflexão.

Eu li, sem ressentimento, e refleti.  Primeiro, existe uma técnica para utilização deste castigo/cantinho. Não se coloca a criança simplesmente lá. Ela precisa ser avisada de que está infligindo uma regra que já é do conhecimento dela. E somente após uma ou duas notificações ela vai para cantinho.  

O cantinho serve sim como um timeout, um momento de suspender aquele momento de explosão de sentimentos e emoções em que pais e crianças se encontram para que ambos os lados esfriem a cabeça para que juntos reflitam sobre o ocorrido entendam o porquê desta suspensão do momento: Você entendeu por que está aqui? Você desobedeceu à regra X? Não se espera que a criança chegue a conclusões sozinha, é um trabalho em conjunto.

Para uma criança pequena a liberdade é seu bem de maior valor, por isso a paralisação do tempo no cantinho funciona. Para outras idades talvez não. Há quem diga que isso é behaviorismo, ou outro ismo qualquer e que as crianças deveriam aprender com liberdade, mas liberdade em excesso e sem direcionamento também não traz crescimento algum, apenas ensinam as crianças que tudo podem, e as deixam “mimadas”.

Antigamente as crianças tinham que obedecer a seus pais e pronto, sem direito a questionamentos ou negociação. 

Meu avô jantava com uma havaiana ao lado do prato sobre a mesa pronto para uma boa chinelada caso minha mãe tivesse “aprontado alguma” (a escala poderia ir desde se atrasar na volta da escola porque estava brincando de pique com os amigos até jogar um estojo de madeira do 8º andar).

Havia crianças que eram amarradas ao pé da cama (literalmente) para não saírem para rua e “aprontar das suas”, e quando o faziam, apanhavam de chicotinho. E quem nunca apanhou por sílaba? “Eu-já-dis-se-pra-vo-cê-não-fa-zer-is-so!”, cada sílaba uma chinelada.
Às vezes me pergunto qual o contraponto? Quantos melindres. Para onde estamos indo com tantos pudores nesta chamada “educação infantil”?

Não sou a favor de bater ou humilhar, mas temos que impor limites desde casa, pois vivemos num mundo hostil e cheio de regras. É nossa obrigação como pais ensinarmos nossas crianças a lidar com as frustrações e com os nãos pela primeira vez para que possam enfrentar o mundo.
Mas como fazer isso? Com autoridade e afeto.  E esse é um grande desafio, mostrar o caminho, impor regras e limites, sem nunca perder a ternura, sem nunca deixar de amar, por mais raiva que possamos sentir em certos momentos, o olhar tem que ser firme, porém doce.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Globeleza

Enquanto passava o comercial do carnaval de 2014 na TV, aproveitei para perguntar ao Miguel o que ele achava da Globeleza, queria saber qual o “tipo” dele.

Ele vira para mim e diz que não gostou nem do cabelo, nem do batom dela. E continuou o que estava fazendo com ar casual.

Fiquei em dúvida, e continuei.

- Mas tirando o cabelo e o batom, o que você acha dela?


- Ela é bonita. – e continuou a não dar importância ao assunto, enquanto o pai ria sentado no sofá.


Hummmm... 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Uma semana sem filho

Férias, janeiro, calor, sol e minha empregada viajou. O que fazer? Depois de o papai ter passado algumas semanas com o filho em casa, chegou a hora de voltar a trabalhar e o que fazer com nosso rebento? Dividimos ao meio e nas próximas duas últimas semanas de férias ele foi divido entre as avós.

Na primeira semana Vovucha levou ele para hotel fazenda e umas diversas aventuras em sua casa repleta de aventuras. Miguel nem parecia que tinha pai e mãe. De vez em quando recebíamos informações e fotos pelo facebook,
mas nenhum telefonema, salvo de um amigo que o convidou para dormir em casa, e lá foi Vovucha combinar com a mãe do amiguinho.

Nossos amigos (casados e com filhos) muito curiosos e encantados com nossa boa sorte de podermos estar a sós depois de tanto tempo, nos perguntavam a todo o momento se estávamos aproveitando e se estávamos com saudades.

Em algum momento durante a semana precisei liguei para minha mãe e falei rapidamente com Miguel ao telefone, mas ele parecia não estar interessado em falar comigo, mas deixou um recado para que o pai ligasse mais tarde. Para o pai tudo, para a mãe, as trevas!

Enfim... Percebi que a semana ia passando e que a cada final de dia, quando regressava para casa após um dia de trabalho, invés de a saudade aumentar, ela diminuía. Que perigo essa lance de distância. Não deixei nenhum momento de pensar no meu filho ou de amá-lo, inclusive comprei livros e filmes para ele, no entanto sua ausência me deu tanto descanso físico e mental que eu não senti sua falta.

Acho que por isso quando liguei, ele não se interessou por mim. Quando eu viajo sinto muito sua ausência, talvez porque quisesse compartilhar com ele as novidades que eu estava vivenciando, mas assim no dia a dia, não foi tão intenso. 

Seria eu uma mãe desnaturada? Ou somente a mesma mãe que eu fui quando ele nasceu egoísta?  Sei que ele estava bem, mais que isso, sabia que ele não precisava de mim. Sempre o criei para ser livre, independente, do mundo. E não me preocupei com isso em momento algum, e curti minha breve liberdade, meu descompromisso com a maternidade.

Essa foi minha primeira semana sem filho, hoje a gente pega ele de volta e na segunda ele passará outra semana longe (agora com a outra avó), já é um mochileiro este menino!



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Feromônio

Miguel está de férias e tem ficado em casa com o pai. Eles têm tido uma rotina de sempre sair para uma volta na pracinha ou uma andadinha de skate.

Um dia desses eu tinha saído para trabalhar quase uma hora antes do passeio deles.
Ao entrar no elevador Miguel vira para o pai e diz:

- A mamãe estava neste elevador.

- Como você sabe? – perguntou o pai incrédulo.

- Estou sentindo o perfume dela.

Papai ficou ainda mais em dúvida que antes e quando cheguei em casa à noite foi à primeira coisa que me perguntou, qual elevador utilizei para sair de manhã. Eu havia descido de escada.

Mas depois que ele contou a história me lembrei de que tinha esquecido de tomar meu remédio e acabei voltando pra casa, ele não viu, e quando desci pela segunda vez, utilizei o elevador em frente a nossa porta.


Era exatamente o mesmo elevador que o Miguel dissera ter sentido o meu cheiro. Mas eu não estava usando perfume naquele dia, o que ele sentiu foi uma ligação entre nós, foi feromônio.