Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

domingo, 24 de novembro de 2013

Meu filho não quer ser judeu

Aqui em casa somos cada um de uma origem, uma tradição e com uma crença (ou nenhuma) diferente.  Na verdade fui criada para acreditar em tudo, para ter fé, esperança, não importa a religião.

Meu marido é de origem judaica, e quem conhece essa tradição belíssima, sabe que por trás há muitos conflitos de identidade e questionamentos sobre onde Deus estava quando ocorreu o Holocausto. Assim, meu marido é judeu ateu, curte as tradições, mas não crê numa entidade maior.

Até tudo bem quando não se tem filhos. Porém, quando eles aparecem há que se definir como criá-los em meio a tanta crença (ou descrença).  Entre nós combinamos que cada uma passaria o que acreditava e que Miguel faria sua escolha quando chegasse o tempo.
Pois bem, na semana passada, não me lembro o quê gerou a conversa, ele disse que não quer ser judeu!

- Mas por que, meu filho, o papai é?
- Eu não quero, eu não sou judeu.
E puxa daqui, puxa dali, eis que ele revela:
- Eu nasci de barriga de bruxo, então eu sou bruxo.

Ok, a culpa foi minha porque falei isso para ele há meses atrás. E está certo, existe a crença que somente é judeu quem nasce de útero judaico e eu não sou judia. Agora meu maridão me pediu para “consertar” isso. E lá vou:

- Mas Miguel, existem outras formas de ser judeu, tem quem nasce da barriga igual a sua prima, tem quem corta o pinto igual a você e tem quem escolhe e estuda e é judeu porque quer igual à tia Anita.
- Mas eu não quero, eu sou vou ser se você “é”.

Que diabos de relação edipiana é essa? Agora eu vou ter que me converter? Eu sempre incentivo e faço as festas e comidinhas gostosas, mas tem limite. De quem é o papel de convencê-lo de que ser judeu é supimpa, minha ou do pai?


Às favas, não quer ser judeu, também não vai ganhar presente de Chanukah, nem comer kneidlach ou rugelach! 

sábado, 23 de novembro de 2013

Saída pela esquerda

Hoje após uma saraivada de esporros e conversa de conciliação, Miguel vira para mim e diz que quer quando ele nascer de novo quer que eu seja sua mãe outra vez.

Fiquei com aquela cara de Maria mole.

Aí, eu viro para ele digo:

- E se de repente a mame for sua filha e você for meu pai?

- Mãe, criança não pode ter filhos.

sábado, 16 de novembro de 2013

A Magia do Natal


Fui levar o Miguel para ver o Papai Noel no shopping e levar a cartinha dele. No dia anterior estávamos em casa vendo filme de natal (Operação Presente) em que a menina escreve para o Papai Noel pedindo uma bicicleta rosa.

Durante o filme ele me questionou se Papai Noel existe e se eu acredito e tal. Na verdade eu acredito mesmo nele, claro que não acredito que um velhinho percorra o mundo inteiro em uma única noite distribuindo presente, mas acredito que ele seja o espírito da esperança e da magia que toda criança tem de mais puro em si e que nesta época do ano todos tentamos reviver de alguma forma.

Então sim, eu acredito em Papai Noel!

E gostaria de cultivar no meu filho este mesmo sentimento bom, de fé e otimismo, que emana deste personagem.

Depois de muito eu acredito e você tem o direito de acreditar se quiser... blábláblá (ele tem medo de não acreditar, até o pai disse que acredita e olha que é judeu), fomos ver o Papai Noel. Ele entregou a cartinha e o velhinho a abriu e leu na frente dele. Achei o máximo, porque só reforça o encanto.


Para manter o clima mágico, na hora de montar o presente, escolhi uma embalagem que mais ninguém da família irá receber, tive o cuidado de usar até mesmo um laço de fita de natal que minha mãe me trouxe de fora e um cartão comprado há muitos anos. O presente do Bom Velhinho tem que ser único, direto da fábrica do Pólo Norte para o meu “nice boy”.

As crianças de hoje são muito espertas e crescem muito rápido, mas gostaria que ele pudesse desfrutar ao máximo possível deste mundo encantado e mágico da infância e da inocência.


Então, vamos manter a magia do Natal... (daqui a pouco vem o Coelhinho da Páscoa e a Fada do Dente).