Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O que está faltando nesta foto?

E mais uma vez a Fada do Dente veio nos fazer uma visita em troca de um dentinho.


Com este já foram cinco. Esperamos o próximo para o mês que vem  :)



A origem da tradição

Miguel tem origem judaica e não judaica. Desde seu nascimento eu e o pai nos preocupamos com os ritos e lendas que seriam passados a ele. Embora eu tenha admiração pela cultura judaica, acordamos que cada um ficaria encarregado de transmitir sua cultura, sua crença e assim vimos seguindo.


Acontece que na família do pai há um rompimento com caráter religioso da tradição e todas as festas e comemorações tendem a um lado histórico e laico. 

Ao longo dos anos em que compartilho estas datas com eles, percebi um processo de afastamento com a origem cultural. Claro que após o falecimento dos parentes mais idosos e antigos na tradição, é natural que ocorra um ajuste na forma de transmitir sua história. Mas o que presencio é triste pra mim, me parece um esfacelamento das relações com a história.

Posso estar sendo exagerada, mas eu vejo pelo lado do meu filho. A maior parte do que ele sabe aprendeu comigo e eu não sou judia. Se eu não entender posso passar alguma interpretação desviada, errada, sabe? Esta não deveria ser uma preocupação minha.

Há algum tempo atrás ele ouviu de uma pessoa próxima que só é judeu quem nasce de barriga judia, ele me perguntou se eu era judia e eu disse que não. Penso, logo existo. Minha mãe não é judia, logo eu tão pouco. Este assunto está encerrado para ele, mas não pra mim. Eu e meu marido ainda gostaríamos que ele tivesse contato com a história da origem da família, por outro lado não me cabe esta tarefa. E daí vai o sentimento de esfacelamento ao qual me referi.

Ainda me lembro das festas da minha infância onde histórias eram contadas, ou inventadas (não importa), mas eram aos poucos gravadas em mim. Faço com o Miguel a tradição de contar e reinventar histórias sobre as minhas crenças, e nestas, ele acredita e segue, e com certeza dará continuidade, mesmo que seja da forma e à maneira dele.

O importante é que os laços se mantenham, e que ele possa reconstruir os passos de sua ascendência, e construir sua história que é tão bonita. Espero que ainda tenhamos tempo de apresentar a ele opções de visão de mundo, de construção e percepção de realidades. Afina, ele não é filho de chocadeira, e a história da nossa origem é parte de quem somos e de quem queremos ser.