Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sábado, 21 de dezembro de 2013

Mamãe empolgada

Será que o Miguel entende as coisas que ele fala? 

Ele repete as palavras e frases que nós adultos falamos, com tanta propriedade que eu chego a acreditar que ele sabe do que está falando, mas ele só tem 4 anos, então, é possível que ele apenas esteja repetindo, sem saber o real significado daquilo.

Ontem eu entrei toda animada na sala, dançado alegre, e ele vira para mim e diz:

- Pára, mamãe, de ser empolgada.

Aquilo me chocou por dois segundos, acho que ele fica um pouco envergonhado porque eu sou alegre e desinibida como as amigas dele. Imagine quando ele for adolescente? Mas eu já ia saindo da sala, voltando ao meu "passinho"quando ele emendou:

- Você é muito "folgosa".


Aí eu tive que voltar e perguntar se ele sabia que palavra era aquela. Ele disse que não, baixou a cabeça e ficou rindo. Eu perguntei onde ele tinha ouvido (embora eu já soubesse a resposta), e ele apenas me confirmou minha suspeita, a música da MC Anitta.

Então é isso, antes de brigar, colocar de castigo, é melhor checar o que esses pequenos estão falando, pensando ou sentido. Ele não sabe o que é fogosa, mas usou num contexto relativamente correto e tirou de outro ainda mais interessante. Eu não tenho como controlar onde ele aprende estas coisas (normalmente é no contato entre os amigos na escola, não estou culpando ninguém), só tenho que estar atento porque hoje é algo banal e amanhã será o quê?

sábado, 7 de dezembro de 2013

Os pais dos amigos do meu filho

Quando eu engravidei, alguns amigos (trabalho) também estavam grávidos juntos e achei perfeito. Assim nossos filhos também poderiam ser amigos.

Lembro-me do mês de novembro de 2009 em que fomos à casa de um amigo, que cozinha muito bem, para beber e comer - Miguel tinha 5 meses e o filho deste querido amigo tinha 3. Nossa idéia é que eles prolongassem nossa intimidade. Mas isso parece não ter dado certo, não podemos escolher a amizade dos filhos. Com o tempo acabamos não insistindo nisso, apesar de mantermos os convites para as festas de aniversário todo o ano.

Quando se tem filhos acabamos revendo lugares por onde passeamos, comidas que comemos e pessoas com quem nos relacionamos. Vemos nossos amigos cada vez mais raramente, e fazemos novos amigos: os pais dos amigos dos nossos filhos, dos colegas da escola e dos conhecidos da pracinha, praia e clube, etc.

E foi assim que aconteceu com a gente.

Um dia numa festa de aniversário qualquer, você se aproxima de outro casal de estranhos e se apresenta, eu sou fulana mãe de beltrano. Este é seu novo rótulo “mãe de”, sem identidade, sem nome, mãe de alguém. Isso não importa porque seu interlocutor ainda vai te perguntar seu nome umas cinco vezes até relacionar seu nome/rosto e o nome/ rosto do seu filho até se lembrar de quem é você da fato.

Esta é uma rotina familiar a todos nós e também necessária para tecer uma nova teia de relações e amizades para si e seu filho. É o primeiro passo que ensinamos a eles no convívio social e para isso, muitas vezes temos que nos despir de nossa própria timidez e medos para ensiná-los este caminho.

Então, foi assim numa festa que começamos a conhecer nossos novos amigos, e dentro de um grupo tão heterogêneo, formamos outros pequenos grupos que se assemelharam a nós e se identificaram conosco em momentos diversos. Alguns abriram seus corações e suas casas, compartilharam suas histórias e copos de cerveja. E cada um conquistou seu lugar em nossa vida.



Costumo ensinar ao Miguel que o nosso coração deve ser sempre preenchido com muitos amigos queridos e não um só, pois quanto mais gente colocamos nele, maior ele fica. 

E hoje é assim que me sinto, com o coração enorme, com os velhos amigos e os novos que conheci através das mãos do meu filho, e que foram conquistados porque eu tenho o Miguel.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Filho é para o mundo

Ele nasceu de 41 semanas e só não foi parto normal porque estava atravessado. Depois que chegou, levamos um tempo para nos conhecer e nos amar de verdade, antes disso o que tínhamos era puro instinto de sobrevivência.

Aprendemos a nos amar, a nos querer e a nos respeitar, e este foi o nosso segredo. Enquanto um (Miguel) descobria o mundo - primeiro engatinhando e balbuciando, a outra (eu) redescobria o que existia a sua volta.

E com isso vinha o medo de errar, de que algo ruim acontecesse ao meu filho, a culpa de que meus medos não me permitisse dar o melhor para ele, e por aí vai.

Há algumas semanas estávamos em casa de amigos quando ele se acidentou, bateu com a cabeça na mesa e abriu a testa. Imediatamente entrei em modo automático e iniciei os procedimentos de cura. Nestas situações eu não vejo sangue ou choro, ou só vejo o resultado final e aí consigo definir o que devo fazer para resolver o problema. 

Quando o machucado já estava limpo e tínhamos decidido que não seria caso de ir o hospital, meu filho procurou com os olho e braços o aconchego do pai e não o meu. 

Então é isso, não adianta eu super protegê-lo porque não estarei presente em todas as situações de sua vida para segurar em suas mãos, ele vai se machucar. Tenho que deixar ele correr, cair e aprender a se levantar (de forma literal ou figurada), não importa, ele não me pertence para endeusá-lo ou fazê-lo viver a vida em uma bolha, livre de riscos. A vida é um risco.

Ele sabe que em qualquer situação poderá sempre contar com o colo do pai e o carinho da mãe. Mas não é isso que ele vai querer em todos momentos. Ele vai querer viver a vida dele, e ter sua própria opinião e querer se machucar para "ver qual é".  

E eu tenho muito medo de perdê-lo, porque eu só tenho ele, mas por amá-lo tenho que respeitar seu espaço, mesmo hoje quando ele só tem 4 anos e uns trocados. A maternidade é quase que um jogo de estratégia cujo objetivo é a felicidade do filho, mesmo que ela represente a nossa não-felicidade imediata.

A gente tem filho para o mundo, e quanto mais cedo entendermos e aprendermos a lidar com esta idéia, mais feliz fica nossa experiência de mãe.