Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Matrix, nuvens de algodão e filosofia no Baixo Terê

Com a chegada do Sol, após dez dias de chuvas ininterruptas, corremos para o Parque Regadas para Miguel dar umas piruetas no skate.

Ao sairmos da aula de bateria e cruzarmos a esquina da Francisco Sá com a Reta deparamo-nos com um céu turquesa e nuvens de algodão.
Miguel observa "olha Vovucha essa nuvem parece de desenho animado".
"É mesmo Miguel. Eu penso a mesma coisa quando vejo essas nuvens".
Miguel e Kira atravessaram a rua juntos, eu sigo logo atrás e percebo que eles estão conversando. Kira me diz ao pé do ouvido "ele é um cartesiano ".
Ao chegarmos no Parque sentamos nos degraus que formam uma pequena arquibancada e, curiosa, pergunto o que eles estavam conversando Miguel então repete a história.
"Vovucha, as vezes eu fico pensando que estamos dentro de um desenho animado"
“É Mi !"
"É mesmo, pode ser sim, Vovucha" - fala ofegante de excitação - "e quando a gente dorme é porque alguém pegou um controle remoto e desligou a gente. A gente pode estar num vídeo game ou num desenho"
"É Miguel?"
"Pode ser Vovucha. Pode ser até uma criança".
"Uma criança brincando com a gente?" - pergunto perplexa.
Kira argumenta "E esse desenho teve alguém que criou?"
"Isso não sei dizer", dispara o pequeno filósofo.
Kira continua "Miguel, imagina que você tem dois personagens homens e dois mulheres. Quantos personagens você tem?"
"Como assim?! Exclama com ares de quem estava pensando em outra coisa.
Kira refaz a pergunta com as personagens do seu desenho favorito (Hora da Aventura) e captura sua atenção.
"Você tem o Finn, o Jake, a Jujuba e a Marceline. Quantos personagens você tem?"
"Quatro".
" Teria como ser diferente?"
"Como assim, os personagens? Não entendi!"
"Então, essa é a certeza matemática. E se eu lhe disser que pode ser diferente", Kira desafia.
"Como assim?"
Entro na conversa e tento reconstruir as falas para registrar depois o nosso papo. Miguel me interrompe mais empolgado ainda.
"Peraí, você fala 'ele' clicou o botão falar. Eu falo 'ele' clica o meu botão. A Kira fala ... cara ... isso é muito estranho ...
"Muito estranho" - completo segurando o riso.
Kira continua "e se essa criança (que criou o desenho) está fazendo a gente pensar que dois mais dois é quatro mas na verdade não é. Ela quer enganar a gente. Na verdade é cinco!"
"Não Kira, olha só, um, dois, três e quatro!" mostra articulando os dedos incrédulo.
Kira rebate "mas isso não tira a possibilidade da gente imaginar, da gente pensar e duvidar".
"Peraí Kira. Eu nunca entendi o que a princesa Jujuba fala no desenho".
Rimos os três.
Ainda pensativo Miguel solta um leve suspiro e começa a falar dos desenhos formados pelas nuvens no céu. Um castelo. Um rosto.
Por alguns minutos ficamos os três admirando o ir e vir das nuvens no céu.
Eu maravilhada e agradecida por estar na companhia desses jovens filósofos.
Feliz por ver a Kira em pleno exercício docente ensinando com docilidade e firmeza de ideias.
Feliz por reconhecer que as horas intermináveis que Miguel passa nos games e desenhos o faz refletir.
Algumas nuvens depois Miguel pega seu skate e inicia suas manobras radicais.
Continua na próxima nuvem
.


Texto da Vovucha na temporada de férias do Mi.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Singin (and dancing) in the rain

Não tem tempo ruim quando se está de férias com os avós.

Até cantar e dançar na chuva pode.

O importante é aproveitar cada momento e guardar cada lembrança.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Miguel e Nitzcshe

Eu e meu marido temos concepções bem diferentes sobre a cosmologia do mundo, acreditamos (ou desacreditamos) em coisas diferentes, e se não fosse nosso amor e nosso desejo comum de querer envelhecer juntos, talvez já tivéssemos traçado caminhos opostos.

A verdade é que temos formações familiares bem distintas. Não me entendam mal, não é como se um fosse a luz e o outro as trevas, ambas as nossas familiares são boas e possuem valores dignos de serem seguidos. Mas existem alguns pontos de divergência que, na minha opinião, não devem ser discutidos, apenas respeitados.

Por exemplo, nós dois adoramos os Beatles, mas eu prefiro as músicas lado A e ele é total B side. Eu tomo vinho tinto, ele prefere branco. Eu torço para o Glorioso e ele para as massas. e por aí vai.

Mas brincadeiras à parte, existem assuntos sérios nesta divisão de crenças e valores. Ele é ateu, e eu acredito em Deus (na verdade sou politeísta, então acredito em Deuses e Deusas). Nossa sorte é que nenhum de nós segue uma crença institucionalizada, mas por outro lado, seguimos nossas famílias.

Em nossa casa reina o respeito (não ouso falar em tolerância que uma palavra horrorosa, mas em outro momento falamos disso). Sempre me sintonizei com aquilo em que acredito enquanto na direção oposta meu marido tratava de ser um ateu tradicional (do pó viemos e para o pó voltaremos, logo pra que perder tempo com isso).

Mas no momento em que Miguel chegou, tudo mudou. Ficou combinado que cada uma falaria com ele abertamente sobre suas (des)crenças. Mas conflitos invisíveis surgiram. E num dia qualquer, em passeio com a minha mãe que o Mi disse que Deus é uma fraude, ele não existe.

E com esta revelação do meu filho iniciou-se uma guerra santa silenciosa. Na verdade, surgiu uma necessidade em mim de entender de onde vinha esta fala articulada dele e este repúdio ao invisível. 

Afinal, porque Deus amedronta tanto a ele e ao meu marido? Acho as religiões muita mais perniciosas, não em si, mas simplesmente porque colocam um intermediário em nossa relação com a espiritualidade. Minha visão de Deus é mais ampla, é quase que pautada na física quântica e nas relações entre todos os seres/coisas que é conduzida pelo invisível (a vibração energética dos átomos, mas este é assunto para outra conversa :)).

E por que Miguel desdenha a existência de Deus e acredita em Papai Noel? Será que é a forma que encontrou para se aproximar da crença do pai e da mãe, se identificar com cada um e não ter que fazer escolhas. Ou será que estamos sendo tão péssimos pais que mantivemos nossos diálogos "intectualóides" na presença dele e o confundimos com aquilo que não tem resposta, não tem verdade?

Ainda temos uma batalha de verdades para traçar e valores a ensinar ao meu pequeno Nitzcshe. Só não desejo que ele se torne um cético irônico sem antes conhecer as possibilidades que existem de se viver em harmonia consigo mesmo e com os outros.

Fonte da tirinha: http://www.umsabadoqualquer.com/


sábado, 9 de janeiro de 2016

Matando tempo

Enquanto a viagem de férias não chega, Miguel segura a ansiedade se divertindo sozinho na casa do melhor amigo C. (este está na casa da avó desde  natal).

Quando se são melhores amigos, se frequenta a casa do outro mesmo quando ele não está.

Dança, Miguel!!!!


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Herança de Família

E mais uma da série - passando meu gosto para o meu filho....

Hoje Miguel escolheu assistir na TV "Labirinto", com David Bowie!!!

Quase pirei. Revendo, o filme é meio chatinho, mas o fato dele ter escolhido sozinho e assistido mostra como ele está ficando com o gosto para filmes cada vez mais parecido com o meu.

Ele assiste às mesmas séries de TV que a gente, embora, é claro , prefira um desenho estilo Ben 10. Mas curte tanto cinema e vídeo, que não se importa em experimentar, ou testar, um "filme de adulto" (tudo aquilo diferente de desenho animado, antes que alguém ache que eu coloco meu filho para ver coisas inapropriadas).

Vejam alguns dos filmes da minha infância que o Miguel já viu, e aprovou:

  • Curtindo a Vida Adoidado
  • De Volta Para o Futuro
  • Fúria de Titãs
  • Caça Fantasmas
  • Os Goonies
  • Indiana Jones
  • Gremlins
  • ET
  • Um Espírito Baixou em Mim
  • Star Wars
  • Esqueceram de Mim
  • Um herói de brinquedo
  • Milagre da Rua 34
  • O Expresso Polar
  • Clue
  • Labirinto

Próximo da minha lista: Quero Ser Grande!!!!