Eu e meu marido temos concepções bem diferentes sobre a cosmologia do mundo, acreditamos (ou desacreditamos) em coisas diferentes, e se não fosse nosso amor e nosso desejo comum de querer envelhecer juntos, talvez já tivéssemos traçado caminhos opostos.
A verdade é que temos formações familiares bem distintas. Não me entendam mal, não é como se um fosse a luz e o outro as trevas, ambas as nossas familiares são boas e possuem valores dignos de serem seguidos. Mas existem alguns pontos de divergência que, na minha opinião, não devem ser discutidos, apenas respeitados.
Por exemplo, nós dois adoramos os Beatles, mas eu prefiro as músicas lado A e ele é total B side. Eu tomo vinho tinto, ele prefere branco. Eu torço para o Glorioso e ele para as massas. e por aí vai.
Mas brincadeiras à parte, existem assuntos sérios nesta divisão de crenças e valores. Ele é ateu, e eu acredito em Deus (na verdade sou politeísta, então acredito em Deuses e Deusas). Nossa sorte é que nenhum de nós segue uma crença institucionalizada, mas por outro lado, seguimos nossas famílias.
Em nossa casa reina o respeito (não ouso falar em tolerância que uma palavra horrorosa, mas em outro momento falamos disso). Sempre me sintonizei com aquilo em que acredito enquanto na direção oposta meu marido tratava de ser um ateu tradicional (do pó viemos e para o pó voltaremos, logo pra que perder tempo com isso).
Mas no momento em que Miguel chegou, tudo mudou. Ficou combinado que cada uma falaria com ele abertamente sobre suas (des)crenças. Mas conflitos invisíveis surgiram. E num dia qualquer, em passeio com a minha mãe que o Mi disse que Deus é uma fraude, ele não existe.
E com esta revelação do meu filho iniciou-se uma guerra santa silenciosa. Na verdade, surgiu uma necessidade em mim de entender de onde vinha esta fala articulada dele e este repúdio ao invisível.
Afinal, porque Deus amedronta tanto a ele e ao meu marido? Acho as religiões muita mais perniciosas, não em si, mas simplesmente porque colocam um intermediário em nossa relação com a espiritualidade. Minha visão de Deus é mais ampla, é quase que pautada na física quântica e nas relações entre todos os seres/coisas que é conduzida pelo invisível (a vibração energética dos átomos, mas este é assunto para outra conversa :)).
E por que Miguel desdenha a existência de Deus e acredita em Papai Noel? Será que é a forma que encontrou para se aproximar da crença do pai e da mãe, se identificar com cada um e não ter que fazer escolhas. Ou será que estamos sendo tão péssimos pais que mantivemos nossos diálogos "intectualóides" na presença dele e o confundimos com aquilo que não tem resposta, não tem verdade?
Ainda temos uma batalha de verdades para traçar e valores a ensinar ao meu pequeno Nitzcshe. Só não desejo que ele se torne um cético irônico sem antes conhecer as possibilidades que existem de se viver em harmonia consigo mesmo e com os outros.
Fonte da tirinha: http://www.umsabadoqualquer.com/
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