Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sábado, 25 de outubro de 2014

Com quem será?


Nunca imaginei que uma simples festa de aniversário, à hora do parabéns, pudesse simbolizar tantas coisa para uma criança de 5 anos.



Já contei que Miguel está apaixonado e recentemente declarou seu amor a sua nova musa. O que não tinha dito ainda é que a nova dona de seus pensamentos é a mesma menina que um de seus amigos também almeja conquistar.



Dias após ele ter entregado aquela florzinha do nosso jardim, uma amigo da sala, levou para ela uma plantinha que ele mesmo havia plantado. Disputa no ar... enfim, não me atrevo a perguntar, este é um assunto proibido para mim por ele.



Mas chegou um convite para o aniversário de A. E imediatamente começou a aflição do presente que iríamos comprar, porque a Miguel me passou uma listas dos interesses dela e tive que ser criativa para conseguir algo dentro deste escopo, da roupa que ele iria vestir, da hora da festa, etc.



Chegado o tão esperado dia, o menino acordou perguntando a hora da festa. Imediatamente, o pai e eu inventamos uma série de atividades para deixá-lo fora de casa até a hora animada, para não enlouquecermos de responder a mesma pergunta.   

Na hora em que chegamos, a vergonha o tomou pelos braços, e ele quase não quis entrar no elevador, tive que estar a seu lado para entregar a A. o presente e ainda pedir que o abrisse.  Primeira fase vencida, ela amou o presente (um livro da serie de desenho Ever After High), fase dois o posta em ação, para que seria cantada a música do parabéns “Com quem será?”.



Lembram daquele amigo dele que também é apaixonada por A.?  pois bem, ele também pediu para que ela abrisse logo o presente que ele havia trazido, para que pudesse apreciar sua expressão, e na hora do bolo, se posicionou ao lado dela na mesa, enquanto Miguel estava a sua frente, do outro lado da mesa.



Na hora do “Com quem será?” eu, mãe, estava angustiada. E se a musica fosse para o amigo? Miguel ficaria arrasado? E se fosse para ele, qual seria sua ração? Fechei os olhos e esperei o que parecia ser uma eternidade. 


E em uníssono cantaram:

- Vai depender, se eu Miguel vai querer...



Eu sinto pela ração do amigo, que eu nem sei qual foi, mas senti um grande alivio pelo meu filho, porque a frustração do coração partido é a que não tenho como protege-lo e ensina-lo, ele vai ter que enfrentar sozinho muitas e muitas vezes, mas não precisava começar agora .

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Pimentão, arroz e recheado



Há uns dois meses mais ou menos começamos a notar um maior interesse do Miguel nas letras. Durante todo o ano a escola vinha estimulando no processo de alfabetização e interesse na linguagem, de forma bem lúdica e leve, mas seu entusiasmo estava em outras áreas, digamos, mais físicas e esportivas.

Mas cerca de dois meses tudo mudou, ao ir comprar uma sfiha com o pai num restaurante árabe, após a saída da escola, ele arriscou “desembaralhar”as letras do cardápio escrito em letras graúdas próximo ao letreiro.

- PI-MEN- TAO, A-ROZ, RE-XE-A-DO.

E assim conseguiu, sozinho, ler suas primeiras palavras (pelo menos para nós), deixando pai puro orgulho e filho, uma felicidade só.  Quando cheguei em casa, os dois se alternavam em excitação para me contar  o ocorrido.

Esse foi só o primeiro passo no caminho desta descoberta que é o mundo da leitura. Ele anda, agora pela rua, lendo letreiros de ônibus e lojas com tamanha facilidade que é impressionante. Não sei se esta facilidade é dele, se é sucesso das professoras, ou nosso. Mas nos faz pensar se todo o analfabetismo do Brasil não poderia ser sanado facilmente em poucos meses com um pouco de incentivo e alegria.

Olhando para trás, penso no meu próprio processo de alfabetização, e volto constante a minha sala de aula e vejo com clareza as letras de fôrma (hoje chamadas de bastão) dispostas no quadro e consigo ler o que antes era tão difícil para mim. Confesso que o método atual de alfabetização fonético e não silábico me deixou apreensiva no início, mas funciona. 

Qualquer dia desses acordaremos pela manhã e ele estará sentado na sala lendo o jornal!


sábado, 11 de outubro de 2014

Cuidado com os animais

Outro dia, voltando para casa e conversando, Miguel surtou lembrando da história de dois muleques que maltrataram um cachorro dando molho de pimenta para ele beber. Foi uma reportagem que apareceu no jornal da TV há meses atrás.

Não sei porque ele foi lembrar disso, ele ficou arrasado e começou a chorar na rua com pena do bichinho.Na cabeça dele o cachorro havia morrido por causa da pimenta, sei lá. 

Fomos conversando para que ele se acalmasse, e no meio da conversa percebi que, apesar da tristeza pelo bichinho, havia também um conceito deturpado de que somente "bichinhos fofos"deveriam ser cuidados. Fui explicando que até uma minhoca deve ser respeitada, pois ela é um ser vivo, tem direito de estar na terá e tem uma função (aerar a terra para que possamos plantar os alimentos).  

Aos poucos ele foi se acalmando, e dando exemplo de outros animais "feios" que não deveriam ser maltratados.

Isso me fez pensar como é bom as crianças terem contato com animais desde cedo para desenvolverem o sentimento de compaixão e cuidado por outros seres vivos. 
 
Recomendo a todos os pais, mesmo um peixinho no aquário.