Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sábado, 30 de julho de 2016

Olimpíadas

A escola do Miguel muito politizada e sempre antenada com o que está acontecendo no mundo, realiza a cada 4 anos Olimpíadas escolares. A ideia é levar para os alunos o espirito de competitividade e comunhão que as olimpíadas geram.

Desde o início do ano recebemos no calendário anual as datas do evento e as crianças começam a se preparar para as competições interna nas aulas de Corpo e Educação Física. 

Lembro que em meu tempo de escola também fazíamos Olimpíadas anuais. Era uma farra. Tinha abertura com desfile no Forte São João na Urca, e eu sempre aguardava ansiosa para ver se seria escolhida para levar a bandeira. Os times eram separados por cor. Tínhamos que elaborar os enfeites da torcida e no final havia a distribuição de medalhas. Até hoje tenho as minhas guardadas em uma caixa de papelão florido dentro do armário.

Miguel estava muito eufórico para participar. Minha preocupação era com as competições porque ele é do tipo que não gosta de perder, mas para alguém ganhar alguém acaba perdendo. Neste ponto a escola é ótimo em incentivar a participação.

No dia do desfile de abertura ele não queria ir porque não haveria jogo. insisti que seria muito legal, mal sabia eu de quão maneiro seria. 

Peguei fotos minhas quando criança trajando meu uniforme olímpico. E qual não foi minha surpresa quando vi que o meu time aos 7 anos era da mesma cor que o dele? Quanta emoção senti revendo aquelas fotos.

E lá fomos nós para a abertura. Eu não podia imaginar quanta organização e criatividade dos alunos para elaborarem um desfile teatral, cada time defendendo sua cor e sua bandeira. Miguel aderiu ao desfile e entrou empunhando um cartaz, com um certo destaque  (diz a mãe orgulhosa).

Amei tudo, e mais ainda ver o rosto do meu filho se integrando e interagindo, participando e se divertindo.

As Olimpíadas duraram uma semana. Miguel cada dia mais empolgado até o dia de seu jogo. Medalha de prata no Toto e no Futebol. Mas a vitória maior veio com o resultado final do evento. O time verde ganhou o maior numero de medalhas e saiu vencedor do evento. 

Meu filho não cabia em si, era o melhor... 

Pra mim não importava melhor ou pior, mas a lembrança que ele terá de sua participação. Que seja tão bela como a minha do meus dias de Olimpíadas.

domingo, 3 de julho de 2016

Entrevista com o Miguel

Surgiu no Facebook por estes dias uma brincadeira de fazer entrevista com os filhos como aquele antigo perfil do consumidor que existia na revista de Domingo do Jornal do Brasil ou aquela que fazíamos quando criança escrevendo no caderno e trocando com os amigos na escola.

Resolvi tentar hoje com o Miguel e eis o que saiu. Algumas respostas foram tão fofas que resolvi guardar aqui para quando ele for mais velho. Outras são tão inusitadas...

Qual é o seu nome? Miguel
Quantos anos você tem? 7 anos
Quando é seu aniversário? 05 de junho
Quantos anos tem o papai? 38
Quantos anos tem a mamãe? 39
Qual é a sua cor favorita? azul
Qual é a sua comida preferida? guloseimas
Quem é o seu melhor amigo? Caio e Mael
Qual é o seu programa preferido? Hora de aventura - Adventure Time
Qual é a sua música preferida? Gang Style (mas tem outras de que gosta também)
Qual é o seu animal preferido? gato, cachorro e girafa
Do que você tem medo? tubarão e aranha
Qual o seu lugar favorito para ir? Chile
O que quer ser quando crescer? piloto de avião, taxista de uber e motoqueiro
O que você mais gosta de brincar? videogame
O que a mamãe mais gosta de fazer? se divertir e ficar com o Miguel (ele falou assim, na terceira pessoa)
O que o papai mais gosta de fazer? me amar também

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Bebe Johnson

Um dia quando eu ainda era muito pequena e brincava, eu queria ser mãe.
Um dia quando eu estava na escola fazendo teatrinho e usava um vestido cor de uva, eu queria ser mãe.
Um dia quando eu trocava fraldas de filhos de amigos da minha mãe, eu queira ser mãe.
Um dia quando segurava os filhos dos meus primos no colo, eu queria ser mãe.
Um dia quando levava minha prima a uma feira de filhotes, eu queria ser mãe. 
Um dia quando acompanhei uma amiga à maternidade, eu queria ser mãe.
Um dia quando eu encontrei o amor e me apaixonei, eu queria ser mãe.

E então chegou o meu dia de ser mãe. 

Eu planejei cada detalhe, escolhi um nome caso fosse menina, e outro caso fosse menino. 

Pensei em com quais pessoas gostaria de compartilhar o momento e mandava atualizações da minha gravidez, semana a semana para um monte de amigos queridos. Escolhi madrinha e padrinho entre aqueles que poderiam nos representar melhor, em termos de gostos e crenças.

Lavei cada peça de roupa, escolhi detalhes do quarto, e andava com aquela pança empinada cheia de orgulho.

E ele veio, cabeludo, narigudo, pezudo. Resmungão, meio velhinho para aquele corpo tão pequeno. Com olhos abertos, atentos a tudo, sem querer perder mais nenhum segundo do mundo novo que agora conhecia, redescobria.

Mas o amor não veio como eu tinha sonhado. Tinha alguma coisa errada. Ele não tinha nenhuma daquelas características dos livros. Era cabeludo, e tinha cara de homem e não de bebe. Ficava acordado quase 10 horas seguidas, e quando se arriscava a dormir, acordava a cada três horas. Chupeta pra quê se tem o peitinho da mamãe? E olha que eu tentei.

Fiquei triste, culpada, não era este o meu sonho? Então por que não estava feliz? Eu queria dormir, tomar banho, ficar sozinha durante 1 hora. Eu queria um Bebe Johnson, igual aos dos livros, que ficava quietinho, dormia e mamava a cada X horas, que não chora, e é rechonchudo.

Na verdade não era nada disso, a gente só não se conhecia muito bem. Ele tinha lá as vontades dele, e eu tinha as minhas. O plano agora era conciliar estes desejos ou sair correndo de pijama pelas escadas do prédio (e olha que coisa eu fiz isso). Achei melhor chegar ao entendimento com ele.

Então fui arrebatada por um sorriso careca e olhos de arco-íris. Pequenas mãos que buscavam consolo em meus braços sempre que desagradado. 

Ora, menino mimado!  Menino do coração dourado, de ouro!

E o sol nasceu e se pôs tantas vezes que nem sei já. E veio frio, chuva, e de repente, tal como a brisa da primavera, um calor úmido inundou meu peito e eu me descobri apaixonada. 

Hoje quando acordo de manhã passo eu seu quarto para ver se ainda dorme anjo, eu sou sua mãe.
Hoje quando dou um esbregue e grito, eu sou sua mãe.
Hoje quando sento a seu lado para acompanhar na lição, eu sou sua mãe.
Hoje quando choramos juntos vendo filmes natalinos, eu sou sua mães.
Hoje quando estou triste e suas mãos secam minhas lágrimas, eu sou sua mãe.
Hoje quando danço na sala na frente da TV e sou acompanhada de sues passos gingados, eu sou sua mãe.
Hoje quando apago a luz de seu quarto e aponto as estrelas fluorescentes coladas no teto, eu sou sua mãe. 
Hoje quando estou ocupada e sorrateiramente sinto braços me envolvendo num gesto puro de carinho, eu sou sua mãe.
Hoje quando o escuto revelar as aflições (precoces) de seu coração, eu sou sua mãe.

E quando penso em voltar no tempo, me pergunto o que faria diferente? E eu mesmo respondo: Nada! Foi aquela jornada que traçamos juntos que fez de nós quem somos hoje.