Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

domingo, 6 de outubro de 2013

O Segredo

A maternidade é uma associação secreta que somente aquelas que têm filhos fazem parte e conhecem seus códigos, e as não-mães mesmo achando que sabem do que elas falam, não fazem a menor ideia. Vou explicar.

Somente quem é mãe/pai, tem um filho e vive a experiência da maternidade compreendem as alegrias e angústias de cuidar de uma criança sua. Antes de ter meu filho eu adorava crianças, especialmente bebes. E tomava conta de filhos de amigas da minha mãe sempre que tinha oportunidade.

Mas foi quando minha prima, filha da irmã da minha, nasceu que eu curti mesmo. Acompanhei a gestação e nascimento, e depois cuidava dela ao ponto de em algumas situações acharem que eu era a mãe (sou quase 20 anos mais velha que ela). Em diversos momentos eu achava que alguns cuidados de minha tia eram excessivos e que outros eram meio desleixados. Lembro-me de certa vez que passei quase duas horas com a pequena nos braços dormindo quase na mesma posição porque estava com o nariz entupido e quando minha tia chegou a devolvi com alívio e a cabeça repleta de crítica do tipo “porque não coloca remédio?”, como eu ia saber que não se coloca remédio em criança tão pequena? Eu só queria era dar o fora dali, meu braço doíam abeca, nem pensei no que deixava para trás.

Então os anos passaram e chegou a minha vez. Quando engravidei havia uma grande oferta de cursos de gestantes, para ensinar a mamãe de 1ª viagem a cuidar do rebento (não sei se isso era tão comum antes). Mas tinha de tudo um pouco: Fadynha, Bebe Stephanie, Maternidade Perinatal, Casa de Saúde São José, Bella Gestante, SOS Mamãe & Cia, etc.

Eu tinha certeza que já sabia tudo que era necessário, mas como meu marido nunca tinha tido contato com crianças achei que destes cursos seria legal, escolhi o da própria maternidade, por praticidade. Algumas dicas eram interessantes e de um modo geral não tinha nada que eu já não soubesse, mesmo nunca tendo sido mãe. Fiquei chocada com alguns comentários das gestantes durante o curso, bastante tapadas, eram capazes de afogar a criança na banheira, mas isso não era problema meu.

Depois que meu filho nasceu aquelas dicas do curso não me serviram pra nada, tudo que eu sabia se apagou da minha mente, eu não sabia nem meu nome, minha inteligente foi drenada junto com o líquido amniótico. O que me serviram foram os telefonemas de minha mãe, minha avó paterna e minhas tias, cada uma delas de época pré cursinho, todas pertencentes da associação secreta das mães, conhecedoras do segredo, aquilo que somente quem é mãe sabe. Não há médico, curso que possa nos ensinar.O que é? Ouvir seu filho. Mas como ouvir um bebe que não fala e só chora? Esse é o segredo.

Somente quem é mãe sabe como isolar o chorar, os sons, o barulho e sentir. O resto é técnica disso e daquilo, e o que é melhor para um par mãe-bebe, pode não ser para outro. Vende-se livros e cursos às custas da inexperiência (e quiçá da culpa), mas esquecem de nos dizer que por trás de um bebe de fraldas já há um indivíduo, com vontades, com desejos. Não há regra porque um bebe dorme de dia e outro de noite, um pega peito e outro prefere mamadeira, um chupa dedo, e o outro é bebe by the book: segue todas as regras mama de 2h em 2h, dorme e não chora.


Hoje me sento à mesa da associação secreta das mães e me rio e angustio ao ver amigas mães de 1ª viagem enlouquecendo com as regras que seus pimpolhos não seguem, esquecendo-se de usar o bom senso, se vendendo para a culpa e deixando de viver a grande aventura que só está começando. Mas no final do primeiro ano encontramos o equilíbrio e de uma forma ou de outra, todas descobrimos o segredo.

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