Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Carta do papai para a vovucha

Depois do Miguel passar sua tradicional semana de férias na casa da vovucha, papai resolveu agradecer o carinho recebido. Compartilhamos:


Talvez eu não tivesse a necessidade de agradecê-la, mas não se trata de necessidade. Muitos casais têm filhos achando que os pais/avós estarão a postos para qualquer eventualidade ou pedido, coisa que nem eu nem mamãe pensamos em momento algum, desde o nascimento e antes mesmo do nascimento do Miguel. Preferimos manter uma independência que foi e é muito boa para nós, para mim principalmente, porque me obrigou a exercer uma responsabilidade e uma autonomia que eu nem sabia que tinha. Por outro lado, ao solicitar menos os avós ocorre um afastamento físico que é até natural. Nunca fomos muito de visitar vovucha, vovucho, vovô  e vovó , o oposto sendo verdade igualmente. Isto não significa que não haja amor nos relacionamentos. Talvez seja por isso que a intensidade de nossa relação, minha e da mãe, com o Miguel seja tão intensa. Estamos sempre juntos, fazemos as coisas juntos, os programas são quase sempre a três. Cansa, mas é gostoso. Ou melhor, é gostoso, mas cansa. E, talvez também por conta desta intensidade (dentre outros motivos que não cabem aqui), que eu tenha tanta dificuldade de deixar Miguel ir, cortar o cordão umbilical, deixar de me preocupar com ele.

É meio ridículo porque, ao mesmo tempo em que o deixo correr para lá e para cá, pular, dar cambalhota, andar de skate, bicicleta sem rodinha, patins, nadar sem bóia, subir no trepa-trepa, dentre outros esportes radicais, caminhar na calçada sem dar a mão, tenho a fantasia que, longe de mim, ele está em perigo. Não é nada pessoal, é importante deixar claro. Então, quando vocês foram para Cabo Frio, eu fiquei apreensivo porque é um ambiente novo para ele e para mim e o pior, sempre o pior vem na minha cabeça, pode acontecer. É claro que eu imaginava que uma viagem para um lugar diferente do cotidiano faria muito bem a ele a você também e que ambos se divertiriam muitíssimo, mas o medo é algo que vem e não temos controle. Estou trabalhando nisso, e aos poucos vou melhorando. Estou dizendo estas coisas todas porque acho que esta semana aí na Maison Pinto, pelas fotos que vi, deve ter sido uma das mais divertidas de toda a vida do netucho. Ele está cada vez maior e mais esperto, um doce, um amor, mas também está um endemoniado, dá um trabalho do cão, exige atenção o tempo todo, e isso cansa bastante. É gratificante chegar ao final de um dia repleto de atividades e perceber que ele dorme o sono dos justos, sonhando com tudo de bom que aproveitou, o picolé que chupou, o suco que tomou, o pastel que comeu, o filme que assistiu. Imagino como você deve estar precisando de uma boa noite de sono, e imagino que você consiga fazer idéia de como eu e a mãe, às vezes, também precisamos de um tempo do filhote, porque ninguém é de ferro. Veja a quantidade de cabelos brancos na minha cabeça, boa parte deles aparecida depois do dia cinco de junho de dois mil e nove.

Resumindo: olhando as fotos que você tirou dele, da felicidade genuína estampada no rosto, diferente daqueles outras fotos pasteurizadas que as pessoas publicam no Facebook, como se o mundo fosse um eterno mar de rosas, percebi o quanto Miguel curtiu esses dias e, mais do que isso, o quanto ele curte a avó materna. E isso me deixa muito feliz, porque não é toda criança que tem contato com os avós e, menos ainda, contato que descambe para a bagunça, uma cumplicidade de comportamento que faz parte do jogo, é super saudável e é o sonho de todo pai. Autoridade e afeto. Não baste ser avó, tem que participar (na medida do possível e que as dores permitam...).  

Por isso, obrigado !

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