Miguel foi hoje
pela primeira vez ao Maracanã, ver seu time de coração.
O jogo não era lá
grandes coisas: Botafogo X Chapecoense, e o alvinegro precisava ganhar para
sair da zona de rebaixamento, algo recorrente entre times grandes da primeira
divisão. Mas por ser um jogo assim seria uma ótima oportunidade para levá-lo
sem estresse de confusão. Conseguimos emprestadas as cadeiras cativas de um amigo de um amigo. O que era
uma garantia a mais de conforto e tranqüilidade.
E lá fomos, eu e
Miguel, de metrô rumo à estação Maracanã. Quando embarcamos no Largo do
Machado, ele logo se entusiasmou ao ver outras pessoas trajadas com a camisa do
mesmo time, e percebeu aquela troca de olhares de cumplicidade de quem
compartilha um segredo comum, a paixão pelo Botafogo.
Mas foi na
estação Estácio que a “ficha caiu”, ficou enlouquecido com a quantidade de
pessoas, de todas as idades (inclusive bebê de colo) com diversos modelos
diferentes de "estrela solitária" estampadas em suas blusas, e com a
cantoria em uníssono do hino do Glorioso.
Ele virou para
mim, ainda na estação, e disse que estava emocionado e que queria chorar. E me
abraçou. Meus olhos encheram-se de lágrimas, eu quis chorar também.
Quando
desembarcamos no Maracanã e ele viu aquela monstruosidade crescendo em nossa
direção, não parava de pular e queria correr para chegar logo. Realmente ver o
estádio todo iluminado para um jogo é incrível, especialmente quando você tem
um pouco mais de 1 metro
de altura e 5 anos de idade.
Gritou quando
fizemos gol, fez “uruca” contra os “verdinhos”do Chapecoense e falou alguns
palavrões (que são permitidos somente em estádios de futebol) em jogadas
tensas, enfim, torceu. Fez uma única reivindicação, queria sentar com a
torcida, eu entendo, eu também gosta de sentar com a “muvuca’, respondi que na
próxima iríamos.
E quando o jogo
acabou, na hora de ir embora, me agradeceu e disse que nem estava cansado (e eu até achei que ele ia pedir para sai no intervalo).
Eu nem podia
imaginar que este passeio teria toda esta emoção, achei que ele iria curtir o
estádio, sei lá, mas não a emoção que ele me revelou.
Lembrei de um jogo que
assisti com meus pais (talvez tenha sido minha primeira vez), um Botafogo X
Flamengo, e de ser engolida por uma multidão de flâmulas de ambos os lados de
um estádio lotado, diferente de ontem. Acho que naquele perdemos, eu não sei,
mas não importou para mim. Era o sentimento de pertencer a algo maior, de estar
conectada a minha família que, à exceção da minha mãe que na época era rubro
negra, torcia pelo Fogão.
Torcer para o
Botafogo nunca teve a ver com vitória, mas com este sentimento de
pertencimento, mas sim com a memória de um time que nunca vi jogar com Heleno e Garrincha, de relatos de minha avó,
e pela conexão que ele sempre me fez ter com a história da minha família, com
uma volta ao passado.
Eu não me
importo se ele crescer e quiser mudar de time, esta é uma escolha dele, mas
esta primeira vez vai ficar pra nós dois pra sempre.