Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sábado, 23 de agosto de 2014

Ninguém cala esse nosso amor



Miguel foi hoje pela primeira vez ao Maracanã, ver seu time de coração. 
 
O jogo não era lá grandes coisas: Botafogo X Chapecoense, e o alvinegro precisava ganhar para sair da zona de rebaixamento, algo recorrente entre times grandes da primeira divisão. Mas por ser um jogo assim seria uma ótima oportunidade para levá-lo sem estresse de confusão. Conseguimos emprestadas as cadeiras cativas de um amigo de um amigo. O que era uma garantia a mais de conforto e tranqüilidade.

E lá fomos, eu e Miguel, de metrô rumo à estação Maracanã. Quando embarcamos no Largo do Machado, ele logo se entusiasmou ao ver outras pessoas trajadas com a camisa do mesmo time, e percebeu aquela troca de olhares de cumplicidade de quem compartilha um segredo comum, a paixão pelo Botafogo.

Mas foi na estação Estácio que a “ficha caiu”, ficou enlouquecido com a quantidade de pessoas, de todas as idades (inclusive bebê de colo) com diversos modelos diferentes de "estrela solitária" estampadas em suas blusas, e com a cantoria em uníssono do hino do Glorioso.

Ele virou para mim, ainda na estação, e disse que estava emocionado e que queria chorar. E me abraçou. Meus olhos encheram-se de lágrimas, eu quis chorar também.

Quando desembarcamos no Maracanã e ele viu aquela monstruosidade crescendo em nossa direção, não parava de pular e queria correr para chegar logo. Realmente ver o estádio todo iluminado para um jogo é incrível, especialmente quando você tem um pouco mais de 1 metro de altura e 5 anos de idade.

Gritou quando fizemos gol, fez “uruca” contra os “verdinhos”do Chapecoense e falou alguns palavrões (que são permitidos somente em estádios de futebol) em jogadas tensas, enfim, torceu. Fez uma única reivindicação, queria sentar com a torcida, eu entendo, eu também gosta de sentar com a “muvuca’, respondi que na próxima iríamos.


E quando o jogo acabou, na hora de ir embora, me agradeceu e disse que nem estava cansado (e eu até achei que ele ia pedir para sai no intervalo).

Eu nem podia imaginar que este passeio teria toda esta emoção, achei que ele iria curtir o estádio, sei lá, mas não a emoção que ele me revelou. 

Lembrei de um jogo que assisti com meus pais (talvez tenha sido minha primeira vez), um Botafogo X Flamengo, e de ser engolida por uma multidão de flâmulas de ambos os lados de um estádio lotado, diferente de ontem. Acho que naquele perdemos, eu não sei, mas não importou para mim. Era o sentimento de pertencer a algo maior, de estar conectada a minha família que, à exceção da minha mãe que na época era rubro negra, torcia pelo Fogão.

Torcer para o Botafogo nunca teve a ver com vitória, mas com este sentimento de pertencimento, mas sim com a memória de um time que nunca vi jogar com  Heleno e Garrincha, de relatos de minha avó, e pela conexão que ele sempre me fez ter com a história da minha família, com uma volta ao passado.

Eu não me importo se ele crescer e quiser mudar de time, esta é uma escolha dele, mas esta primeira vez vai ficar pra nós dois pra sempre.

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