No último final de semana enquanto eu estava fora trabalhando em um evento, pai e filho foram convidados para almoçar na casa de uns amigos. Lugar ideal para uma tarde de domingo, todos curtem comer e beber bem, havia área de lazer para as crianças e nossos filhos poderiam socializar de um lado, enquanto os pais bebericavam de outro.
Neste cenário aprazível de uma tarde de verão, começou um tititi entre as crianças. Eu não estava presente então estou recontando em terceira mão o ocorrido.
Num dado momento da brincadeira vem à tona, talvez precocemente, a conversa de quem acha quem bonito. É engraçado porque me lembro de nesta idade começar a ter algum interesse pelos meninos mas ainda de forma bastante ingênua. Beijos (numa rodinha de verdade ou consequência) e insinuações surgiram por volta dos 10 anos.
Miguel revela ao grupo de amigos, composto por três meninas e um menino (fora ele) que achava uma das meninas da roda bonita. A irmã dela o puxa pelo braço e leva para outra área e, à distância, o pai testemunha um ir e vir frenético entre a patota. É o frenesi da descoberta, da identificação com o grupo e da diferenciação entre meninos e meninas.
O que rolou não sabemos ao certo. A pergunta feita foi sobre sua eleita de até então, teria sido esquecida? Substituída? Uma nova paixão? Mas ele desconversou, entre risinhos tímidos e envergonhados. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...
Será que houve alguma troca de afeição? Espero que não, que eles se permitam viver a ingenuidade da infância de forma plena, porque uma vez maculados não há volta, o véu do mundo se abre e o caminho de volta é lacrado, é daí pra frente.
É uma delícia vê-los experimentando a vida. Para nós pais, espectadores, só nos resta apoiar e orientar, e aceitar que aquele bebezinho está, há muito, caminhando com as próprias pernas.