Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Adaptação: nova escola

Na última segunda-feira tivemos uma reunião de pais na nova escola do Miguel para falar do esquema da adaptação dos novos alunos. Enquanto a psicóloga falava, minha mente girava num redemoinho ainda pensando naquela palavra "adaptação". No meu plano de trocar ele de escola eu havia pensado em praticamente tudo, mas em momento algum me passou pela cabeça que ele teria um tempo para se adaptar à condição de novo aluno, à nova escola e tudo o mais que a tal psicóloga continuava a falar. Muito menos que ele estaria "proibido"a frequentar o período integral.

O meu esquema foi pelo ralo, e rapidamente, como numa daquelas cenas de Sherlock Holmes eu tentava antever a jogada do meu adversário para poder bolar um plano B e C para poder tratar este, digamos, impasse.

Cheguei em casa ainda aturdida de tantas informações e com a tarefa de no dia seguinte negociar com meu chefe um horário flexível pela próxima semana e meia, com a esperança de que meu filho cairá em si e abraçará aquela escola como a outra.

Revivi dentro de mim a primeira adaptação na creche quando as berçaristas no terceiro dia tiraram meu bebe de 5 meses dos meus braços e disseram "Mãe, hoje ele pode ficar sozinho 3 horas". Minha reação foi pegar um ônibus até a Tijuca para fazer compras no Guanabara. Eu sequer olhei para trás, afinal eu só tinha 3 horas.

Hoje foi o primeiro dia de aula/adaptação dele. Mas um imprevisto e nossa empregada (braço direito de todas as horas) não pôde vir, então fiquei em casa com ele na parte da manhã para poder introduzi-lo na nova escola à tarde. 

A manhã passou lenta, como se dividíssemos a ansiedade do que nos aguardava na parte da tarde. Não pude dar muita atenção a ele pois precisava adiantar meu trabalho de casa mesmo. Mas percebi nele uma certa euforia e decisão, chegou até a falar que iria sozinho na rua. 

Deu a hora e  fomos indo, alegres, caminhando pela rua. Miguel insistiu para carregar sua mochila, queria se mostrar ainda mais independente agora iria para o grupo 5 (pré-alfabetização). Mas quando chegamos em frente ao portão, ele não resistiu, virou-se para mim e disse que estava triste. Meu coração já em frangalhos fazia um tremendo esforço para não se partir, afinal eu sou a adulta da relação e tenho mais condições de suportar este tipo de situação, tentei encoraja-lo e entramos. Ele foi indo bem, porém empacou à porta da sala, me fazendo entrar com ele.

Daí para frente foi tudo muito estranho. Eu tive que participar com ele, por mais que eu quisesse me fazer invisível, porque sei o quanto a minha presença faz com que ele se torne vulnerável e tímido, mais até do que quando está com o pai. 

Me emocionei, a ponto de ficar com um bolo na garganta, com o relato daquela professora tão doce e gentil controlando a turma de 22 feras, e dando-lhes as boas vindas a uma turma mais velha. Ali, eu achei que teria que sair da sala para chorar, mas me segurei. Tentei fazer com que o Miguel explorasse a escola com a turma, assegurando a ele que eu não iria embora de jeito nenhum. Na hora do recreio ele ainda brincou (sozinho) mas logo se enrolou no meu colo, em posição fetal, e apesar de todos os esforços das professoras para induzi-lo e introduzi-lo ao grupo, ele a todo momento se referia à antiga escola e amigos.  

Ele resistiu até a hora do lanche (até serviu de ajudante, servindo os pratos a todos), no entanto pediu à professora que o liberasse, e por volta das 16h voltamos para casa, com a promessa de voltarmos amanhã. Já na saída do portão ele se virou para mim e disse: "Eu até gostei desta escola". Dá para entender estas crianças?

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