Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Nosso segredo

Outro dia Miguel me ouviu comentar com outra mãe que eu sempre quis ter uma menina. Veio me perguntar se eu não o queria. Tive que me desdobrar para explicar que não era bem assim, que eu sempre o quis, mas quando estava grávida achava que teria uma menina porque minha família só tinha mulheres, e eu achava que seria mais fácil.

Um dia ele vai ler estas palavras e entender a verdade. Eu sempre o quis e o desejei, mas no início eu queria uma menina, exatamente pelos motivos acima. Quando eu soube que teria um menino eu chorei, de decepção nos primeiros 30 segundos, por que não compraria vestidos floridos ou bolsinhas (pensamento bem fútil, eu queria brincar de boneca) e de medo na meia hora seguinte (eu temia pela responsabilidade de criar um menino que na minha imaginação sempre foi maior que criar meninas, hoje acho que é igual).

De fato não tenho personalidade para ser mãe de menina, as coisas acontecem como tem que ser. E logo fui me adaptando à idéia de ser mãe de um menino e construindo nossa relação edipiana desde o útero. Nunca tive paciência para conversar com a barriga (quantas coisas nos impõem que nos afligem durante a gravidez e maternidade, eu queria ser livre), mas subi em árvore com um barrigão de 7 meses porque queria que ele tivesse uma mãe maneira, mãe de menino. E imaginava nós dois brincando de bola e andando de mãos dadas. Na verdade até hoje consigo imaginar meu Miguel já grande e barbudo dançando comigo já bem mais velha, sempre sonho em como ele será para sempre meu companheiro, meu príncipe, nunca sonhei com um bebê.

Escrevi numas das páginas do meu diário da gestação uma lista de qualidades e adjetivos que desejava que a personalidade-alma que iria assumir meu filho pudesse ter, como seu pudesse moldar não somente seu corpo físico que eu gerava em minha barriga, mas seu ser psíquico também. Então se eu pudesse responder ao Miguel novamente, eu sempre o desejei, mesmo ele não sendo o que eu achava que eu queria, porque somente ele sendo o meu menino, ele poderia me complementar e me desafiar como faz todos os dias.

Se eu tivesse uma menina talvez essa brincadeira de ser mãe não estaria sendo tão louca e maravilhosa como a que esta por estar ao lado do meu Miguel.


Ele pode até pedir ao pai para colocá-lo na cama a noite para dormir ou uma “colher de chá” para ir ao colo na rua, e eu posso até ser muito dura com ele às vezes (muitas talvez), mas o que temos vem de longa data, de outras dimensões e de muitos anos, e essa experiência nos pertence tal qual um segredo particular, podemos até contar para vocês, mas só tem graça mesmo para nós dois.

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