Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Farpas

Farpas

Neste calor carioca de 40° com sensação térmica de 50° é impressionante como o verde da grama rapidamente se transforma em marrom seco, amarelado. As folhinhas aguadas se transformam em espetos duros, cortantes, farpas.

Nesta nova paisagem que se instaurou no Rio de Janeiro, fomos encontrar nossos queridos amigos no Aterro do Flamengo para uma manhã de brincadeiras, desenhos a giz no asfalto escaldante e corridas de bicicletas.

Nunca vi que eu me lembre uma criança de quatro ou cinco anos que conseguisse ficar calçada com os pés suando, enquanto a brincadeira corria solta, por entre árvores e amigos. Neste cenário pitoresco, uma, duas, três crianças conseguiram o feito de furar seus pequeninos e delicados pezinhos com as farpas feitas de gramas secas.

Na mesma hora consegui retirar duas farpinhas dos pés do Miguel. Ele paradinho, pernas esticadas, aguardou o feito e pronto! Porém, quando chegamos em casa, um pontinho preto, escondido sob a pele, disfarçado, era um restinho da farpa que não tinha sido muito bem retirado.

Começou então a operação “retirar farpa”. Tudo ia bem, puxa daqui, estica dali, não estava sentido nada, apenas aquele insistente pontinho preto que teimava em se firmar na planta do pé do meu filho. O problema começou quando, ao não conseguir o incômodo intruso, o pai falou sobre uma ida ao hospital para remover a farpa. Pronto. Começou o chorou até então inexistente. Miguel é super resistente a dor e ferimentos mas se tem três coisas que o tornam uma maria-mole são: sangue no machucado, injeções (anestesias, vacinas, etc.) e a possibilidade de ir ao hospital. Essas coisas fazem do Super Miguel virar o Clark Kent sem poderes, são a kriptonita do meu filho.

Daí em diante ele chorava, babava, apertava a mão do pai, e dizia para meio a voz lacrimosa:

- Você tem que conseguir.

- Mas está doendo, meu filho? – eu perguntava.

- Sim, mas você precisa conseguir, mamãe. – e apertava a mão do pai, ou mordia uma toalha. A possibilidade de ir ao hospital era mais insuportável que o sofrimento diante do qual estava diante.


Catuquei, espremi, cortei, furei, e nada. Acho que era só uma sujeira no pé. Acabou que o pé (e meu pequeno) ficou traumatizado. Mas o sorriso no rosto do Miguel quando coloquei o Band-Aid das Tartarugas Ninjas era imenso, porque não importava o latejar na sola do pé, o importante é que não tinha sangue, nem injeção, nem hospital.

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