Como tudo começou?

Enquanto revia vídeos e fotografias do meu pequeno de 4 anos (hoje com 7), que teima em crescer mais rápido do que eu consigo acompanhar, aproveitei para reler os diários que fiz desde a gravidez aos dias de hoje sobre cada momento (que julguei importante, essa ideia eu tive com a minha sogra que até hoje guarda escritos sobre fofurices do meu marido quando criança) registrado para que as trapaças da memória não as apagassem.


Foi neste caminho de reviver o passado que me descobri saudosa e percebi que precisava compartilhar as lembranças antes que esmaecessem sob a luz do dia a dia. Então, resolvi que postaria para amigos, familiares e outros curiosos do mundo pedaços desta minha vida, e ainda de lambuja deixar para o meu pimpolho histórias sobre ele mesmo para que um dia leia e sinta como foi esta jornada de chegar ao mundo e traçar seus próprios caminhos.


Espero que gostem e se emocionem um pouco, assim como eu ao revisitar minha história, e se entusiasmem para fazer uma visita à história de vocês.
Sejam bem vindos às "histórias sobre meu filho".

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Mito da Caverna

Não é de hoje que Miguel vem me perguntando sobre se o que passa na televisão existe ou não. Se as pessoas que aparecem são reais ou não. Perguntas um tanto estranhas para nós que estamos tão habituados este entendimento são bastante pertinentes para um menino de 4 anos e 8 meses que começa a perceber que as coisas não como parecem ser.

Quantas vezes vemos um filme ou desenho em que aparece uma cena de susto e dizemos para ele não ter medo que aquilo não é de verdade? Mas agora ele já começa a reconhecer que o mesmo ator de Star Wars fez Indiana Jones, então que não é real? 

Ele começa a nos perguntar se "aquela pessoa" (um ator qualquer) existe fora de um filme. O conceito de ator e personagem começa a se tornar palpável e menos abstrato. Mas e o jogo de futebol? A poucos minutos me perguntou se o jogo que víamos na TV era de verdade. Tentei explicar que sim, que o jogo estava acontecendo no bairro "tal" naquela mesma hora em que víamos na TV e que poderíamos encontrar aqueles jogadores se fossemos ao estádio. Bizarro!

Não pude deixar de pensar que Miguel do seu jeito infantil, até mesmo arcaico, começava o desvendar do mito de sua caverna da Platão. Aquela história sobre as pessoas que viviam na caverna sem nunca sair e achavam que as sombras que se projetavam ao fundo da caverna eram a realidade e não a vida que se passava lá fora. Seu questionamento sobre o que existe dentro e fora da TV é o desvendar do véu do nosso mito do que é real, imaginário, palpável, sonho, enfim do que é a vida. Ainda de forma rudimentar ele experimenta, arrisca, e junta as peças deste quebra-cabeças que é a vida humana. 

Acho simplesmente lindo que ele tão pequeno já carregue consigo a semente da inquietação, do questionamento do saber. Só me faz amá-lo ainda mais e querer fazer parte do seu caminho de descoberta. Quem sabe eu ainda não tenha alguns véus a desnudar?


Para vocês o mito da caverna na versão do Maurício de Souza, já que estamos falando de crianças...




Um comentário:

Sandra Pinto disse...

Bonita reflexão filha. Por essas e por outras o Miguel é quem é.